João Semedo: Movimento 'Direito a morrer com dignidade' lamenta morte de homem bom

| Política
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 17 jul (Lusa) -- O responsável do movimento cívico 'Direito a morrer com dignidade' Gilberto Couto considerou João Semedo, que hoje faleceu, como um homem bom que colocou a sua humildade ao serviço do público.

Gilberto Couto disse à Lusa que enquanto trabalhou com João Semedo descobriu "um homem bom, que tinha uma inteligência muito grande e de uma grande humildade ao serviço do público"

"Ele tinha a noção de que a sua ação política era uma ação de serviço público. O país perde um homem bom que serviu o povo português", afirmou.

"É o terceiro fundador do movimento cívico pela despenalização da morte assistida em Portugal que acaba por falecer, o terceiro com cancro em fase terminal. Esta experiência de médico e de doente deu este aspeto solidário que o João Semedo acabou por emprestar à causa 'Morrer com Dignidade'", acrescentou o responsável.

Gilberto Couto recordou também que João Semedo, não só como médico, mas como doente, "teve a experiência da dor inútil e do sofrimento irremediável que muitas vezes não pode ter outro tipo de solução que não aquela que o doente pede no final da sua vida".

No texto que elaborou para ser lido na apresentação da obra "Morrer com Dignidade", que decorreu em maio na Assembleia da República, João Semedo - que não esteve presente por motivos de saúde - recordou que despenalizar a morte assistida seria colocar a tolerância onde tem estado a prepotência de alguns, impondo-se a outros.

"Despenalizar [a morte assistida] é colocar a tolerância onde até hoje tem estado a prepotência de alguns impondo-se a todos os outros", escreveu João Semedo.

A este propósito, Gilberto Couto sublinhou que "este é o núcleo essencial do argumento", pois "a decisão é do doente".

"É o doente que pede porque não vê benefício em continuar um sofrimento que não tem sentido, segundo a sua filosofia de vida... neste aspeto, é mesmo sobre a tolerância que se fala quando se fala de despenalizar a morte assistida", afirmou Gilberto Couto, frisando: "Ninguém pode decidir a não ser o próprio doente, há que respeitar a decisão do doente, ou pelo menos considerá-la".

No texto que escreveu para a apresentação da obra, que organizou, João Semedo considerou que "ajudar a morrer serena e tranquilamente, acabando com o sofrimento inútil, é uma atitude muito nobre, de elevado valor moral e de grande humanismo", que não pode ser desvalorizada, caricaturada ou comparada como um homicídio.

O antigo coordenador do Bloco de Esquerda teve uma vida dedicada à atividade política nacional e internacional, às artes e à medicina, tendo mesmo sido um dos autores da nova proposta de Lei de Bases da Saúde.

Membro da direção do movimento cívico "Direito a morrer com dignidade", João Semedo nasceu a 20 de junho de 1951, em Lisboa, cidade onde frequentou o Liceu Camões e onde se veio a licenciar, na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1975.

Depois de um longo percurso como médico e político, lançou em janeiro de 2018, em conjunto com António Arnaut, o livro "Salvar o SNS -- Uma nova lei de bases da Saúde para defender a democracia".

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