Companhia mexicana Los Colochos apresenta hoje adaptação de "Macbeth" no Porto

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Porto Canal com Lusa

Porto, 20 jun (Lusa) -- A companhia de teatro mexicana Los Colochos apresenta hoje, em estreia nacional, a peça "Mendoza", uma adaptação de "Macbeth", do britânico William Shakespeare, colocando-a na revolução mexicana de 1910.

Estreando hoje no Teatro Nacional São João, pelas 21:00, o espetáculo será depois apresentado na sexta-feira, pelas 21:30, no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo, com ambas as récitas, as únicas em solo português, inseridas na programação da 41.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI).

"Mendoza", uma adaptação do clássico de Shakespeare que conta a história de um rei com o mesmo nome, de "ambição, sangue e poder", é aqui reimaginada para a revolução mexicana de 1910, num dispositivo cénico intimista e onde os atores estão sempre em cena, entre os elementos do público e com guarda-roupa, linguagem e outros elementos de abordagem contemporânea.

A revolução começou como resposta ao falhanço da sucessão de Porfirio Díaz, presidente durante 35 anos, e levou a uma eleição, em 1911, depois de Díaz ter sido deposto, ganha por Francisco Madero, embora o conflito armado se tenha 'arrastado' durante dez anos.

A peça, criada por António Zúñiga e Juan Carrillo, e encenada por este último, surgiu na sequência de um laboratório de criação que pretendeu trabalhar "a reinterpretação de 'Macbeth' para o espetador mexicano, combatendo questões de contexto histórico e palavras, ou temas, que já não dizem tanto hoje em dia", explicou Carrillo à Lusa.

Partindo de uma "escrita do zero, conservando a estrutura dramática mas apresentando novos textos", pretende-se "reinterpretar e jogar com a forma como esta história se relaciona com a da História do México".

O laboratório trabalhou ainda a ligação com o público e a relação entre teatralidade e plateia, ensaiando e fazendo pequenas apresentações em espaços públicos ou em casas particulares.

"Tínhamos sempre espetadores, sejam as pessoas das casas ou os vizinhos, pequenos grupos. Trabalhávamos e recebíamos logo 'feedback' e opinião. Depois íamos para outras casas, corrigindo e avançando, ao longo de um ano", explicou o encenador.

Foi feita uma investigação para garantir "bases de contexto de conflito bélico similar à da obra", a par da que se prendeu com uma montagem que "refletisse a proximidade com o espetador", ainda que a peça não inclua quaisquer "anedotas ou personagens históricas".

"A revolução mexicana é apenas um pretexto, como os clássicos, para falar de uma história que nos soa atual. (...) A proposta de encenação tem referências subtis ao presente", acrescentou.

"Mendoza" é, assim, "a história do poder contada por outro lado, usando a estética da obra contemporânea" e a proximidade com o público para "mostrar que a fome de poder pode acontecer com qualquer pessoa", diluindo o espaço entre a obra teatral e o público, para um relato "do aqui e do agora".

A intervenção no espaço, garantiu Juan Carrillo, é outra das ambições de Los Colochos, que o aplicaram ao Teatro Naiconal São João, colocando um "dispositivo cénico" no qual atores, que nunca saem de cena, partilham o espaço com o público.

"Este dispositivo permite não adaptar o teatro ou esconde-lo. É o teatro que conhecem, de sempre, mas sofreu uma intervenção. Jogamos sempre com a arquitetura do espaço para sugerir o aqui e o agora. Para nos recordarmos, a todos, que esta é uma história do aqui e do agora", concluiu.

Hoje estão ainda inseridos no FITEI dois espetáculos do mesmo autor, com André Amálio a apresentar, desde as 18:00, "Portugal não é um país pequeno", no Teatro do Campo Alegre, que interpreta numa reflexão "sobre a ditadura e a presença portuguesa e máfrica, em particular a vida dos antigos colonos portugueses através dos seus testemunhos reais".

No mesmo palco, pelas 21:30, o mesmo intérprete junta-se a Selma Uamusse e Tereza Havlickova em palco para "Passa-porte", um outro olhar sobre o mesmo tema, pegando no final do período de colonialismo português para refletir sobre como foram recebidas as pessoas que então chegaram a Portugal.

O objetivo é estabelecer um paralelismo, através de testemunhos reais, com "a condição de refugiado", olhando também para africanos que chegaram a Portugal de África, na segunda metade da década de 1970, "e a quem foi negado um passaporte português".

SIYF // MAG

Lusa/fim

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