Fenprof divulga estudo crítico sobre flexibilidade curricular

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Porto Canal com Lusa

A voz dos professores está “completamente ausente” do projeto de autonomia e flexibilidade curricular (PAFC), que este ano começou em algumas escolas, concluiu um estudo da Fenprof divulgado este sábado.

Atualizado 17-06-2018 11:22

“A voz dos professores está completamente ausente da conceptualização e implementação do projeto autonomia e flexibilidade curricular”, conclui o estudo da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), hoje divulgado numa sessão na Escola Secundária do Cerco, no Porto.

O Governo autorizou para o presente ano letivo, em regime de experiência pedagógica, o PAFC dos ensinos básico e secundário, abrangendo estabelecimentos de ensino da rede pública e privada, para melhorar a aprendizagem e as competências, “assumindo a centralidade das escolas, dos seus alunos e professores e permitindo a gestão do currículo de forma flexível e contextualizada”, segundo o Governo.

Agora, ouvindo mais de 400 professores de 54 escolas, de um total de 235 escolas com PAFC, de todo o país, o estudo conclui que a implementação do PAFC foi feita à custa dos professores, trouxe mais burocracia e trabalho não reconhecido e que o programa não é avaliado nem nas próprias escolas, onde foi implementado sem a preparação dos estabelecimentos e dos professores.

O estudo conclui também que os currículos são muitos extensos, os professores estão desmotivados e falta maturidade aos alunos para o desenvolvimento de projetos.

A conclusões do estudo assinalam ainda o “substancial aumento da carga de trabalho para os professores” e o elevado número de alunos por turma.

Os professores ouvidos apontaram igualmente a falta de recursos materiais, a indefinição de objetivos ou a burocratização como aspetos negativos do PAFC, além de também colocar em causa o currículo nacional.

Como aspetos positivos os professores salientaram, nomeadamente, o trabalho centrado no desenvolvimento de competências e não nos conteúdos, a preocupação com melhores aprendizagens, a gestão do currículo de forma flexível e contextualizada, e a possibilidade de os alunos se envolverem em projetos.

Questionada pela Lusa, a coordenadora do grupo de trabalho que fez o estudo, a professora Brígida Batista, disse não poder destacar aspetos positivos do PAFC porque “não há condições para o implementar nas escolas”.

“Não se pode mudar o paradigma sem mudar as condições nas próprias escolas”, disse a responsável, acrescentando que o PAFC não trouxe “uma mais valia em termos de aprendizagem dos alunos”.

O projeto, considerou, “até podia ser interessante” se tivesse sido eficazmente preparado, com turmas pequenas, com bons espaços e boas salas, mas, ao contrário, disse, trouxe “horários sobrecarregados em turmas de 30 alunos”.

Na apresentação do estudo Brígida Batista criticou o desinvestimento na educação, a falta de igualdade de oportunidades, o excesso de alunos por turma e de turmas por professor, e a “ameaça da municipalização” e salientou que é preciso uma “efetiva avaliação da implementação” do PAFC.

Porque é preciso, disse, “ser consequente na análise de uma tão importante mudança na vida das escolas, dos alunos e dos professores”.

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