Dirigentes da oposição ucraniana decepcionados após reunião com Presidente
Porto Canal / Agências
Kiev, 24 jan (Lusa) -- Os dirigentes da oposição ucraniana manifestaram a sua deceção na quinta-feira, depois da reunião com o Presidente Viktor Ianoukovitch, que se saldaram por modestas concessões, apelando aos manifestantes a permanecerem mobilizados e a evitarem derramamento de sangue.
No fim das quatro horas de reunião, um dos líderes da oposição, Arseni Arseniouk, estimara que existiam "fortes probabilidades" de "terminar com o banho de sangue". Mas, como os outros dirigentes oposicionistas, manifestou-se menos certo pouco depois face aos milhares de manifestantes concentrados na Praça da Independência.
"Sei até que ponto a situação é tensa. Sei até que ponto as expetativas são grandes. Sei que muitos do vocês vão ficar dececionados", declarou o antigo campeão de boxe Vitali Klitschko.
"A única coisa que obtivemos da reunião com Ianoukovitch foi uma promessa de libertação e todos os militantes", adiantou, realçando que o Presidente tinha rejeitado demitir-se ou demitir o governo.
O nacionalista Oleg Tiagnybok acrescentou que o Presidente propusera à oposição que libertasse a Rua Grouchevski, teatro de violentas cenas de guerrilha urbana desde domingo, em troca da tranquilidade na Praça da Independência, ocupada desde há dois meses, localizada algumas centenas de metros
O Ministério do Interior confirmou estes dois pontos, em comunicado.
Estão previstas novas negociações, mas não se sabe quando. O Presidente pediu a convocação de uma sessão parlamentar extraordinária, prevista para terça-feira.
"Não nos vamos render", insistiu Klitschko, adiantando que era "possível mudar o poder sem derrame de sangue", mas expressando receio que possa haver mais perdas de vidas humanas.
"Mantemos a guarda, nenhum passo atrás", insistiu Arseni Iatseniouk, do partido da opositora emprisionada Iulia Timochenko.
A oposição estava a pressionar o poder ucraniano antes da reunião de quinta-feira, que se realizou depois de na quarta-feira terem ocorrido violentos confrontos entre polícias e manifestantes, que causaram cinco mortos.
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