Produção de petróleo em Angola está estagnada - Petroleum Economist

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Porto Canal / Agências

Londres, 23 jan (Lusa) - A produção petrolífera em Angola está estagnada, o trabalho em curso avança lentamente e a concessão de novas explorações foi revista e adiada, escreve a consultora Petroleum Economist, contrariando a visão tradicional de pujança do setor.

Na análise, assinada por Martin Quinlan, a que a Lusa teve acesso, escreve-se que "a crescente produção de petróleo em Angola alimentou a China, espantou os Estados Unidos e ajudou a salvar o mundo de preços de crude ainda mais altos", mas acrescenta-se que, "nos últimos tempos o país perdeu-se: a produção estagnou, o trabalho de desenvolvimento avança aos solavancos, e uma planeada oferta de exploração foi revista e adiada".

No relatório que analisa o setor do petróleo em Angola, não só do ponto de vista técnico, mas também das suas ligações ao mundo da política, e em particular aos governantes ou pessoas próximas, pode ler-se que "há quem diga que a perda de foco reflete um vazio político, possivelmente relacionado com os planos de José Eduardo dos Santos, que dirige o país desde 1979, retirar-se". O Presidente de Angola, "conhecido pela sua gestão ao pormenor do setor petrolífero", esteve fora de Angola "durante um longo período no último verão e houve rumores de que foi a Espanha receber tratamento médico".

O documento, com o título 'Angola nas calmas' ('Angola in the doldrums', no original), explica que apesar de o ministro do Petróleo, José Maria Botelho de Vasconcelos, ocupar o cargo há cinco anos, "é evidente que é dos Santos que conduz as matérias políticas" e sublinha que foi o atual Presidente que "abordou as empresas norte-americanas durante a guerra civil, que implementou as vantagens fiscais que encorajaram as companhias a estender a busca por petróleo às 'ultra-caras' águas profundas".

Sobre as empresas petrolíferas a operar no país, o relatório da Petroleum Economist diz que elas se queixam de "lentidão na resposta até às perguntas rotineiras, e nada acontece em termos contratuais até as mais altas instâncias do Governo acenarem com a cabeça".

As autoridades, continua o relatório, "parecem alheias aos problemas da indústria - no princípio do ano, a Sonangol disse que a produção do país estava bem encaminhada para chegar aos 2 milhões de barris por dia em 2016, mas em novembro o ministro do Petróleo antecipou essa data para 2015, mas na realidade a produção vai provavelmente abrandar porque os poços mais antigos nas águas profundas estão a secar rapidamente".

Na análise mais técnica, o autor do relatório, Martin Quinlan, argumenta que "a produção atingiu o pico em 2008, com 1,85 milhões de barris por dia, mas desde então deslizou, e tem estado estagnada nos últimos anos".

Como os poços mais antigos "estão a perder produção na ordem dos 10% ou mais por ano, as novas empresas só compensaram as perdas", acrescenta, citando os números da Agência Internacional de Energia para sustentar que a produção ficou-se pelos 1,78 milhões de barris em 2012 e nos 1,74 milhões nos primeiros onze meses do ano passado".

O panorama agrava-se com a lentidão nos procedimentos: "Os desenvolvimentos nas licenças para os poços profundos e ultra-profundos, necessários para compensar o declínio dos mais antigos, não estão a processar-se suficientemente rápido. Há três anos que não há nenhum grande desenvolvimento em termos de lançamento de projetos em águas profundas, e os que estão projetados só deverão estar a funcionar em 2016 ou 2017", conclui o relatório.

A Petroleum Economist apresenta-se como "a autoridade em energia, oferecendo informações reservadas e opiiões sobre os eventos e as pessoas que moldam o mercado global da energia" e afirma ser "o recurso de informação sem o qual os estrategas da energia não conseguem fazer negócios".

A consultora diz ainda, no seu site, que os relatórios são "atualizados diariamente por uma equipa de jornalistas em Londres, Singapura e Calgary", no Canadá.

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