Economista-chefe do FMI admite que "perdeu tempo" com a Grécia

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Porto Canal / Agências

Paris, 08 jun (Lusa) - O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, reconheceu hoje numa entrevista a uma rádio francesa que o Fundo e os europeus "perderam tempo" a resgatar a Grécia, considerando que a dívida era mesmo insustentável.

A atuação do FMI "não foi a ideal, provavelmente perdemos tempo", admitiu o responsável do FMI, no final de uma semana marcada pelas notícias sobre a admissão de erros no programa de resgate financeiro à Grécia, a admissão de que os técnicos terão 'torcido as regras' sobre a própria ajuda internacional, e que mereceram da Comissão Europeia uma resposta dura, que põe a nu os desentendimentos entre os parceiros europeus e norte-americanos da 'troika' na abordagem aos países da zona euro em dificuldades.

"Naturalmente, a Grécia deveria ter estado disposta a renegociar a dívida à partida, poder sair da crise mais facilmente, mas no contexto europeu da época, as condições não estavam ainda reunidas para isso", disse o responsável, aludindo ao receio generalizado de que uma renegociação da dívida tivesse um efeito de contágio aos outros países em dificuldades, e precipitasse uma crise financeira generalizada e, no limite, o fim da zona euro.

A solução acabou por ser implementada um ano mais tarde, com a renegociação dos prazos e montantes de pagamentos da dívida grega, mas aí já com um conjunto de mecanismos destinados a 'isolar' a Grécia de outros países da Europa.

"A conclusão a tirar é que devemos sempre encarar a realidade", porque "quando um país tem um peso da dívida insustentável, é preciso aceitar a realidade e reduzir o peso da dívida", disse o responsável.

Questionado sobre o erro, já admitido pelo próprio FMI, de subestimar os efeitos das políticas de austeridade no crescimento da economia dos países sob intervenção, Blanchard reconheceu que houve um "erro de interpretação", mas lembrou que "não existe doutrina, baseamo-nos na teoria relativamente ao que aconteceu noutros países, e às vezes [a teoria] está errada".

"Fizemos o nosso melhor no nosso tempo, não aplicamos uma doutrina no FMI, aplicamos pragmatismo a uma realidade extraordinariamente complexa", argumentou o economista-chefe do Fundo.

A entrevista de Blanchard surge no final de uma semana em que foi conhecido um relatório do FMI que admite "erros notáveis" na abordagem do programa de resgate financeiro à Grécia, o primeiro país europeu a ser ajudado.

O relatório do FMI, divulgado quarta-feira pelo The Wall Street Journal, admite que a instituição terá 'torcido' as suas próprias regras para que a dívida da Grécia parecesse sustentável e diz que uma análise feita agora permitiria perceber que a Grécia falharia três dos quatro principais critérios para poder receber assistência económica.

O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, respondeu dois dias depois acusando o FMI de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", com as críticas aos resgates à Grécia.

Segundo a edição 'online' do Financial Times, Olli Renh, responsável pela gestão dos dois resgates à Grécia, comparou o duro relatório do FMI sobre a gestão do primeiro resgate à Grécia, de 110 mil milhões de euros, com uma brecha no princípio transatlântico "entrar juntos, sair juntos" desenvolvido na guerra dos Balcãs nos anos 1990.

"Penso que não é justo o FMI lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", afirmou Renh, que falava hoje numa conferência económica em Helsínquia.

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