Passagem de nível palco de acidentes fatais em Valença recebe barreiras automáticas
Porto Canal / Agências
Valença, 23 jan (Lusa) - A passagem de nível de Cristêlo Covo, em Valença, palco de vários acidentes e onde morreram mais de vinte pessoas nos últimos anos, vai receber barreiras automáticas, fruto de um investimento conjunto da Refer e da Câmara.
Trata-se de uma obra que será realizada pela empresa pública que gere a rede ferroviária nacional por cerca de 150 mil euros, comparticipada em 50% pela autarquia de Valença, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara, Jorge Mendes.
"Era uma grande preocupação nossa e a autarquia chegou mesmo a disponibilizar-se para assumir parte dos custos da obra necessária, porque inicialmente equacionou-se a construção de um viaduto. Mas esta solução resolve o problema, que é de segurança", explicou.
De acordo com o autarca, o acordo com a Refer foi definitivamente fechado em dezembro passado e a obra poderá arrancar "nos próximos dias ou semanas", depois de uma espera de quase dois anos.
O sistema permite acionar automaticamente as barreiras quando detetada a aproximação de uma composição.
Com esta solução, cai por terra um projeto local que, desde 1994, previa a transformação da travessia num acesso desnivelado.
"Eventualmente, numa operação de regeneração urbana na zona, poderemos recuperar o projeto no futuro, mas o que importa é que com esta obra acaba um ponto negro da sinistralidade ferroviária em Valença. Muitos dias fui deitar-me a pensar que podia acontecer ali nova tragédia", recordou Jorge Mendes.
A travessia de Segadães, com 7,5 metros de comprimento, não tem vigilância e nela sucedem-se, há vários anos, os acidentes. Estes terão provocado, segundo a Junta de Freguesia local, "mais de vinte mortes" no local.
A 24 de dezembro de 2011 registou-se ali o último caso grave, com uma viatura ligeira que não terá obedecido à sinalização vertical ali instalada. Acabou por ser colhida por um comboio que seguia para Valença, com mais de 200 metros de vagões.
"O carro ficou desfeito, mas o homem conseguiu sair ileso porque estava do lado contrário. Naturalmente que também há responsabilidades das pessoas, mas muitas mortes já podiam e deviam ter sido evitadas", afirmou na altura à Lusa fonte da Junta de Freguesia de Cristêlo Covo.
A revolta local com esta situação levou a população a cortar a linha em protesto, há cerca de uma década.
O caso mais grave aconteceu há 19 anos quando, no mesmo acidente, morreram três pessoas, entre as quais uma criança.
O último acidente mortal registou-se em dezembro de 2009.
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