Bispo de Pemba considera que marginalização de jovens moçambicanos favorece violência
Porto Canal com Lusa
Maputo, 11 jun (Lusa) - O bispo de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, questionou hoje a inclusão dos jovens nas esferas social e económica face ao seu envolvimento com grupos armados que têm atacado alguns distritos da província.
"Que futuro estamos a oferecer aos nossos jovens e como os incluímos na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária", questionou Luiz Fernando Lisboa, num comunicado divulgado no fim de semana.
O religioso assinalou que alguns jovens que fazem parte dos grupos armados que têm protagonizado ataques em alguns distritos de Cabo Delgado são recrutados nas comunidades afetadas pela violência.
"Os jovens lá envolvidos não são apenas uns estranhos, estrangeiros ou ´terroristas`, como gostamos de chamá-los. Há também jovens das nossas famílias, das nossas aldeias, dos nossos partidos, das nossas profissões de fé", lê-se no texto.
O bispo de Pemba observou que a província de Cabo Delgado é uma das províncias mais pobres de Moçambique, questionando se as riquezas naturais da região têm ajudado ao desenvolvimento real e integral da província.
"Em que medida temos pensado e trabalhado para oferecer à juventude uma educação adequada e espaços culturais e recreativos que favoreçam o desenvolvimento de todas as suas habilidades e criatividade", questionou Luiz Fernando Lisboa.
"Todas estas e muitas outras perguntas certamente nos fazem refletir e devem ser objeto de preocupação para todas as pessoas de boa vontade, sobretudo para os governantes", diz o religioso.
Pelo menos 24 pessoas morreram nas últimas duas semanas em Cabo Delgado vítimas de assassínios atribuídos a grupos armados supostamente 'jihadistas'.
A província é rica em gás natural e vai receber nos próximos anos avultados investimentos de multinacionais do setor de hidrocarbonetos.
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