Montreux, Suíça, 22 jan (Lusa) - A Coligação Nacional Síria apelou hoje à delegação do regime do Presidente Bashar Al-Assad que aceite as negociações para a formação de um Governo de transição, durante a conferência de Genebra II, em Montreux, na Suíça.

"Eu apelo (à delegação do regime sírio) para assinar imediatamente o documento de Genebra I, (que prevê) a transferência das prerrogativas de Assad, incluindo aquelas referentes ao exército e à segurança, a um Governo de transição", afirmou o líder da oposição síria, Ahmad Jarba.

O opositor considerou que "este é o único propósito" que se deve esperar desta conferência de paz para a Síria: "colocar de lado Al-Assad e de todos os símbolos do seu regime".

Jarba referiu também que o documento indica o cessar das hostilidades.

O documento de Genebra foi apresentado há um ano e meio pelos Estados Unidos e pela Rússia, com o apoio da ONU.

O líder opositor disse que não pode haver negociações sérias sem a resolução destas questões fundamentais e sem um calendário rigoroso, que deve ser definido nesta primeira ronda negocial.

"Não temos tempo a perder. Devemos chegar rapidamente a uma situação de cooperação para encontrar uma solução para o conflito", acrescentou.

Durante o seu discurso, Jarba também declarou o respeito da sua organização por todas as comunidades que compõe a Síria, assim como por todos os grupos religiosos, que garantiu um tratamento igualitário.

"É necessário que o Estado aceite a diversidade e não um Governo de uma minoria sobre a maioria", declarou.

Houve um mal-estar e troca de palavras entre o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, Walid Muallem, que ultrapassou os 10 minutos reservados ao seu discurso, falando aos presentes durante 35 minutos.

Os oradores tinham apenas sete minutos disponíveis e somente o líder da oposição síria e o ministro Walid Muallem tinham 10 minutos reservados aos seus discursos.

Entretanto, a televisão síria difundiu hoje o discurso de Ahmad Jarba, mostrando imagens em paralelo apresentadas como "crimes terroristas".

A televisão não mencionou o seu nome e nem a sua imagem, colocando uma faixa, ao contrário de outros oradores da conferência de Genebra II.

O ecrã foi dividido em duas partes: à direita o discurso de Ahmad Jarba com a menção "Montreux, Suíça" e à esquerda foram colocadas imagens de mortos e de destruição com a legenda "crimes terroristas na Síria".

Participantes de cerca de 40 países e organizações responderam ao convite de Ban Ki-moon de participar na conferência, destinada a acabar com a guerra civil, que dura há quase três anos e que já causou mais de 130 mil mortos e milhões de refugiados e deslocados.

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