Assunção Cristas considera inaceitável que SNS possa servir para “executar a morte”

| Política
Porto Canal com Lusa

A líder do CDS-PP considerou esta terça-feira inaceitável que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) possa passar a ter “uma nova prestação” de serviço, a de “executar a morte”, numa referência à possibilidade de aprovação da legalização da eutanásia.

Atualizado 23-05-2018 11:50

“Uma lei que trata simplesmente de criar no SNS - aquele Serviço Nacional de Saúde que queremos desenvolver e acarinhar para tratar as pessoas e dar qualidade de vida até ao fim dos seus dias – se prepara para passar a ter uma nova prestação, que já não é tratar, já não é tirar a dor, é antecipar a morte, é executar morte. Isso nós não aceitamos, nem achamos admissível”, criticou.

Na intervenção de encerramento das jornadas parlamentares do CDS-PP, em Viana do Castelo, Assunção Cristas classificou a área da saúde “como uma das mais críticas” da governação, apontando uma “degradação generalizado dos serviços públicos”.

“Olhando para trás, comparando momentos, hoje sem ‘troika’, sem crise, estamos bem pior nesse domínio do que estávamos há cinco anos atrás e isso não é aceitável”, afirmou.

Lamentando a falta de uma rede de cuidados paliativos de qualidade no sistema público, Cristas criticou que sejam os partidos que apoiem um Governo, “que não é capaz de dar um impulso significativo aos cuidados paliativos”, que se preparem para votar a legalização da eutanásia.

Quatro projetos de lei para despenalizar e regular a morte medicamente assistida em Portugal – de PAN, BE, PS e PEV - vão ser debatidos e votados, na generalidade, em 29 de maio na Assembleia da República.

“Numa sociedade que tem tanto para trabalhar, tanto para acolher, acarinhar, uma população que precisa de um SNS com condições, com cuidados paliativos, não aceitamos que o foco de repente se vire para outro lado”, afirmou Cristas.

A presidente do CDS-PP disse que a eutanásia apenas é legal em dois países europeus e tem sido rejeitada por países como Finlândia ou Inglaterra e recordou avisos de um cidadão holandês – um dos países onde é legal a morte assistida – numa iniciativa dos centristas.

“Na eutanásia sabe-se como começa, não se sabe como acaba”, afirmou.

Numa intervenção de menos de vinte minutos, Cristas passou em revista os principais temas das jornadas, que tiveram por tema “Portugal: a Europa e o Mar”, e duas áreas onde considera que o partido tem liderado a agenda, a justiça e o interior.

Sobre justiça, a líder do CDS-PP lembrou que o partido tem propostas apresentadas no parlamento há três meses e que aguardam por iniciativas de outros partidos para começar o debate.

“Na altura todos vieram dizer que havia muito para fazer, mas continuamos à espera que os outros partidos venham a jogo”, alertou, salientando que, entretanto, o partido já anunciou a criação de um fórum para a reforma da justiça, liderado pelo professor universitário Rui Medeiros.

Sobre o interior, Assunção Cristas reiterou a intenção do CDS-PP pegar nas propostas apresentadas pelo Movimento para o Interior e transformá-las em iniciativas legislativas.

“Continuaremos a liderar também na denúncia de um Governo que faz uma austeridade completamente escondida, encapotada, que não diz a verdade a todos”, criticou, voltando a repetir que o executivo está “refém do ministro das Finanças Mário Centeno”.

Para Cristas, a ambição do CDS-PP de “liderar em várias matérias” tem como objetivo que “um dia todos os portugueses” possam confiar no partido em termos eleitorais.

“Não temos medo e temos coragem, não temos medo de ser politicamente incorretos”, afirmou.

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