Expo98: Perda do Parque das Nações para Lisboa ainda gera mágoa em Loures

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Porto Canal com Lusa

Loures, Lisboa, 22 mai (Lusa) - Cinco anos depois da criação e integração da freguesia do Parque das Nações em Lisboa, atuais e antigos autarcas do concelho de Loures continuam a "sentir-se traídos e revoltados" com a perda do antigo território ribeirinho.

No final de 2012, a Assembleia da República aprovou a criação da freguesia do Parque das Nações, integrando territórios que foram requalificados para acolher a grande Exposição Mundial de 1998 (Expo'98) e que estavam distribuídos por duas freguesias do concelho de Loures (Sacavém e Moscavide) e uma de Lisboa (Santa Maria dos Olivais).

Mas, se esta alteração administrativa foi encarada com grande satisfação por parte dos moradores do Parque Nações, que durante muitos anos reivindicaram a criação de uma freguesia única que abarcasse todo aquele território, do lado de Loures ficou um sentimento de "revolta e incompreensão".

"Criou-nos um sentimento de desilusão porque nos retiraram a zona mais requalificada do concelho. Loures era o quinto maior concelho do país e passou a ser o sexto. Creio que Loures perdeu mais do que Lisboa ganhou", afirmou à agência Lusa o antigo presidente da Câmara Municipal de Loures Carlos Teixeira (2001-2013), que acompanhou de perto este processo.

O ex-autarca socialista referiu que não existiram negociações para a criação da freguesia do Parque das Nações e lembrou que todos os órgãos autárquicos de Loures votaram contra a integração daquele território no concelho de Lisboa.

"Enquanto deu despesa fez parte de Loures, quando passou a dar lucro passou para Lisboa. A criar-se a freguesia, esta devia ser integrada no concelho de Loures e funcionou ao contrário", apontou, ressalvando que o executivo que liderou fez tudo para contestar e evitar este processo.

O sentimento de mágoa é também partilhado pelos atuais presidentes das juntas de freguesia de Moscavide e de Sacavém, freguesias onde, até 2012, esteve integrado parte do território do Parque das Nações.

"As pessoas não conseguem perceber como é que, depois da melhor requalificação que alguma vez foi feita em Portugal, lhes fosse retirado aquele espaço. Eu conheço casos de pessoas que sempre viveram em Moscavide e que se mudaram para o Parque das Nações porque sabiam que ainda pertenceriam a Moscavide", afirmou à Lusa o presidente da União de Freguesias da Portela e Moscavide, Ricardo Lima.

O autarca referiu que as perdas para a freguesia não se resumiram apenas ao território, mas também a equipamentos públicos que foram desmantelados em Moscavide porque iam ser construídos novos no Parque das Nações, nomeadamente duas escolas.

"Aquando da construção da Expo houve bastantes constrangimentos. Moscavide sofreu muito durante as obras. Foi uma mais valia do ponto de vista urbano. Esta zona era uma lixeira e um espaço degradado e hoje é um espaço de excelência, mesmo que não pertença a Loures, reconheceu", com mágoa.

No mesmo sentido, o presidente da união de freguesias do Prior Velho e Sacavém, Carlos Gonçalves, reconheceu a importância que a Expo trouxe para a requalificação de toda a zona oriental, mas lamentou que todos esses benefícios fossem depois retirados ao concelho de Loures.

"Além da reparação de um espaço que estava ao abandono aproximou serviços que não existiam em Sacavém, como foi o caso do Campus da Justiça. Contudo, depois afastou a população que se sente traída por lhe terem tirado o território, sobretudo depois de tudo que eles passaram durante a construção da Expo", apontou o autarca.

Carlos Gonçalves sublinhou que a saída daquele território do concelho de Loures para o de Lisboa implicou também uma perda de receitas municipais, nomeadamente no Imposto Municipal Sobre Imóveis (IMI), que o autarca contabilizou em cerca de 400 mil euros anuais.

No entanto, ressalvou que não foi só o aspeto financeiro a gerar revolta na população de Sacavém, mas também a parte emocional, fruto da ligação que os moradores tinham com alguns equipamentos instalados no Parque das Nações, como é exemplo a igreja dos Navegantes.

"Investiu-se muito aqui e criaram-se laços a pensar no futuro. Mesmo depois da passagem deste território para Lisboa algumas pessoas ainda chegavam à junta a reclamar do estado em que alguns equipamentos se encontravam. Pessoalmente não consigo encontrar ganhos com esta mudança", atestou.

FYS // MCL

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