Comissão de Defesa Nacional suspende audições face a previsível inquérito
Porto Canal / Agências
Lisboa, 21 jan (Lusa) - A Comissão Parlamentar de Defesa Nacional decidiu hoje suspender as audições agendadas e por agendar sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) devido à previsível formação de uma comissão de inquérito específica.
"O melhor será dispensarmos todas as audições marcadas e por marcar, uma vez que não faz sentido repetir audições", sugeriu o deputado socialista Marcos Perestrelo, logo no início dos trabalhos.
O parlamentar do CDS-PP João Rebelo defendeu que se optasse por "suspender os agendamentos", uma vez que "não se sabe o que vai acontecer até sexta-feira", referindo-se ao texto do requerimento do PCP para o inquérito potestativo e a sua formalização, com o acordo de deputados do PS.
O presidente da Comissão de Defesa Nacional, o social-democrata Matos Correia, PSD, ouviu os representantes dos vários grupos parlamentares e anunciou "aguardar a formalização para transformar esta suspensão em cancelamento das audições".
O parlamentar do PSD Joaquim Ponte concordou com a opção, tal como o comunista Jorge Machado e a bloquista Mariana Aiveca, uma vez tratar-se de "o mais ajuizado e ponderado a fazer".
Para quarta-feira estava agendada a audição à comissão de trabalhadores dos ENVC, pelas 10:00, que ficou assim sem efeito, apesar de ter sido admitida, para apreciação e aprovação uma petição "contra o encerramento dos ENVC".
O vice-presidente da bancada do PCP António Filipe garantira que a futura comissão de inquérito sobre os ENVC será "abrangente", incluindo eventuais responsabilidades do PS e do PSD na matéria, e refutou as acusações do PSD de suspeita de "negociata" com os socialistas para deixar de fora os Governos de José Sócrates e angariar as assinaturas suficientes para o pedido potestativo, após "chumbo" pela maioria PSD e CDS-PP.
Segundo António Filipe, o texto do requerimento, que deverá ser entregue na quarta-feira, terá "um objeto abrangente" porque "há responsabilidades quer de governos do PS quer de governos do PSD".
O novo requerimento comunista, agora potestativo, a que a Lusa teve acesso, destina-se a "apurar das circunstâncias e as responsabilidades que levaram à decisão de extinção" dos estaleiros e subconcessão "das suas instalações a uma empresa privada".
Segundo o texto, a referida comissão parlamentar, que terá a duração de 120 dias, deverá "indagar", nomeadamente, "as circunstâncias e os termos" da decisão do Governo que envolve também o despedimento dos 609 trabalhadores.
As "circunstâncias que levaram ao protelamento, cancelamento ou perda de encomendas e as respetivas consequências no agravamento da situação da empresa", bem como o "modo como o Governo" tem acompanhado a investigação da Comissão Europeia às ajudas públicas atribuídas aos ENVC também são abrangidas.
A concretização desta comissão é possível após um acordo do PCP com o PS, que se juntam a 14 deputados comunistas, oito bloquistas e dois ecologistas.
O contrato de subconcessão dos terrenos e infraestruturas dos ENVC até 2031 foi assinado a 10 de janeiro e a nova empresa West Sea, criada pelo grupo Martifer, pagará ao Estado uma renda anual de 415 mil euros.
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