BE exige intervenção do Estado no caso de poluição provocada por fábrica no Alentejo

| Política
Porto Canal com Lusa

Ferreira do Alentejo, Beja, 18 mai (Lusa) - A líder do Bloco de Esquerda exigiu hoje a intervenção do Estado no caso "inaceitável" de poluição provocada por uma fábrica e que afeta uma aldeia no Alentejo e anunciou que o partido vai levar o tema ao Parlamento.

Em causa está a poluição provocada pela AZPO - Azeites de Portugal, que labora desde 2009 e está situada perto da aldeia de Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, no distrito de Beja, onde Catarina Martins esteve hoje para visitar a fábrica e falar com a população.

"Estamos no Alentejo, num dia de céu limpo", mas "estamos no meio de uma nuvem" de fumo, está "um cheiro insuportável" e "não há quem não esteja aqui com a garganta ou os olhos irritados", disse Catarina Martins, que esteve sempre a lacrimejar durantes as declarações aos jornalistas devido aos fumos emitidos pelas chaminés da fábrica e que invadiam a aldeia.

"Não é comoção. Estou aqui há pouco tempo e já estou a sentir bem os efeitos de toda esta poluição. De facto, tenho vindo a sentir a alergia [nos olhos] de que me falavam e a sentir na pele como é complicado aqui estar", explicou, considerando "absolutamente inaceitável" a situação e a poluição provocadas pela fábrica.

A situação "é absolutamente inaceitável", porque "temos uma fábrica aqui que trabalha com bagaço de azeitona, que sabe, porque já têm indicações oficiais, que tem de mudar as chaminés, a forma como acumula os resíduos e como os resíduos circulam dentro da fábrica", mas "ainda não mudou nada, a produção está a aumentar muito a cada ano e estas populações veem a sua saúde pública posta em causa", lamentou.

"Se não muda, é preciso que o Estado intervenha e atue para obrigar" a AZPO a fazer as mudanças necessárias, disse, frisando: "O que é essencial aqui é exigir que, efetivamente, sejam cumpridas as regras para garantir a qualidade ambiental e a saúde pública nesta população".

Segundo Catarina Martins, "uma coisa é certa: nenhuma fábrica pode laborar no país sem cumprir as regras e, se não cumpre as regras, não pode laborar" e, por isso, o Bloco de Esquerda vai levar o caso ao Parlamento, onde irá apresentar "um projeto de resolução para que o Governo atue" e "a lei seja cumprida".

O Bloco de Esquerda vai levar o caso ao Parlamento porque "é importante que haja uma palavra da Assembleia da República clara a dizer ao Governo que tem de fazer um estudo tanto da qualidade ambiental como da saúde pública para que tenha instrumentos mais fortes para agir quando as regras não estão a ser cumpridas".

Os habitantes de Fortes e outros cidadãos "já fizeram, e bem, queixas" no Ministério Público e o Bloco de Esquerda vai "levar o tema ao Parlamento", porque a situação "é absolutamente inaceitável" e quer "que seja feito um estudo sobre a qualidade ambiental e a saúde pública" da população.

Catarina Martins disse que responsáveis da AZPO "reconhecem" que a fábrica tem "problemas", porque, durante a vista, lhe garantiram que, após o fim da atual campanha e antes da próxima, vão substituir as atuais chaminés por "uma maior que cumpra as regras", fazer um armazém para os resíduos que, atualmente, estão a céu aberto e, "com o vento, se espalham por todo o lado", e alterar a forma como os resíduos circulam no interior das instalações.

"Portanto, estão a reconhecer que têm problemas", mas, como os habitantes da aldeia dizem, "todos os anos prometem que vão corrigir para a próxima campanha e, ano após ano, não é corrigido e as pessoas vivem cada vez pior e com problemas de saúde que se acumulam", disse.

O Bloco de Esquerda "não aceita a chantagem de que para haver emprego aqui as pessoas tenham de viver nestas condições", porque "a tecnologia permite que haja emprego e que haja qualidade de vida".

"O que acontece é que há quem queira fazer muito dinheiro em pouco tempo e não esteja a cumprir as regras ambientais exigíveis", disse, defendo que "é "essencial que, rapidamente, esta situação pare e seja corrigida e que se façam as obras necessárias para que se seja possível viver" em Fortes.

Segundo Catarina Martins, "é preciso apoiar" a população de Fortes e "uma intervenção forte, pública" sobre o caso.

LL // JPF

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