PSD e CDS enaltecem postura de Cavaco, esquerda assume discordâncias com Presidente

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Porto Canal

PSD e CDS-PP dizem que Cavaco Silva tem atuado de forma "equilibrada" na "defesa dos interesses do país", enquanto a esquerda acusa o Presidente da República de ser complacente com o Governo e a política de austeridade.

Numa altura em que se assinalam três anos do segundo mandato do chefe de Estado, o PSD, em declarações à agência Lusa proferidas pelo porta-voz Marco António Costa, considera que Cavaco Silva tem sido "um garante permanente da defesa dos interesses do país”, preservando uma imagem de “homem independente, rigoroso, que está permanentemente atento, como árbitro institucional do sistema político português, a tudo o que se passa.”

Marco António Costa prevê para os dois anos que restam a Cavaco como Presidente da República “a mesma conduta, a mesma postura de isenção, de independência, de rigor, de salvaguarda do interesse nacional e de voz autorizada na sociedade portuguesa sobre todas as matérias que são alvo de discussão no âmbito político-institucional”.

Ainda à direita, o CDS-PP, pelo líder parlamentar Nuno Magalhães, destaca que este é um "mandato difícil" para Cavaco ou "qualquer Presidente" que ocupasse o seu lugar, em virtude do regime de "protetorado" que Portugal atravessa.

De todo o modo, o chefe de Estado tem exercido funções de forma "equilibrada, ponderada e construtiva", diz Magalhães, sublinhando três áreas de intervenção: o "pugnar pelo cumprimento de Portugal dos compromissos internacionais assumidos", a procura de consensos "quer ao nível político quer social", e o papel "muito importante ao nível da diplomacia económica", até porque o crescimento económico é a "única forma de combater a principal fratura social" do país, o desemprego.

Nos partidos de esquerda, contudo, são diversas as críticas à intervenção do Presidente.

O PS, realçou à Lusa o presidente do grupo parlamentar, Alberto Martins, assume uma "discordância política" com Cavaco em diversas áreas, embora mantendo "naturalmente o maior respeito institucional pelo papel" do Presidente da República.

"Entendemos que [o Presidente] tem vindo a apagar o seu papel de árbitro e moderador do sistema político e tem tido uma ação muitas vezes compromissória e próxima da ação do Governo o que não releva das funções e da exigência de arbitragem das funções que lhe cabem na centralidade do sistema político", declarou o socialista.

Sobre a crise política do verão, o PS critica Cavaco, que "devia ter dissolvido a Assembleia da República e promovido eleições para garantir o refrescamento e uma nova legitimação social, constitucional e política".

Questões referentes à constitucionalidade de diferentes diplomas, em concreto o Orçamento do Estado (OE), são também criticadas pelos partidos à esquerda, em concreto o PCP, que frisa que Cavaco é "responsável pela promulgação de legislação muito gravosa para o país e os trabalhadores".

A deputada comunista Paula Santos diz também que o chefe de Estado "é tão responsável pela situação do país como o Governo e o próprio PS”, que subscreveu o memorando de entendimento com a 'troika'.

"O Presidente da República teve uma atuação negativa tendo em conta o que deve ser a defesa do interesse dos portugueses", reclama a parlamentar.

Para o Bloco de Esquerda (BE), o "salvamento do governo" no verão é "a nota mais marcante" deste terceiro ano do segundo mandato de Cavaco.

"A irresponsabilidade do Governo foi aceite pelo PR. Da parte do BE consiederamos que quando o país devia ter no Presidente da República uma solução para os problemas, antes teve uma parte do problema do país porque aguentou este Governo, aguentou uma política insustentável", disse à Lusa o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares.

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