CGTP considera que emprego se degradou com intervenção da 'troika'

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 20 jan (Lusa) - O secretário geral da CGTP considerou hoje que a situação do emprego se degradou substancialmente desde a entrada em vigor do programa de assistência financeira da 'troika', com a perda de 340 mil postos de trabalho.

"A situação do emprego degradou-se substancialmente desde a entrada da 'troika' no nosso país em maio de 2011, pois foram destruídos cerca de 340 mil empregos entre o 2º trimestre de 2011 e o 3º trimestre de 2013", disse à agência Lusa Arménio Carlos, no final de uma reunião da Comissão Executiva da central.

A Intersindical iniciou hoje uma análise para fazer o balanço das consequências económicas e sociais da intervenção da 'troika' em Portugal, começando pelo emprego.

"O emprego total diminuiu cerca de 7% neste período, passando de 4.893 mil para menos 4.554 no 3º trimestre de 2013. A destruição de postos de trabalho afetou principalmente a indústria, tornando o país mais terciarizado e com menor capacidade de produção de bens. Perderam-se mais de 264 mil empregos na indústria e construção, 89 mil dos quais nas indústrias transformadoras, a que somaram as perdas de 43 mil nos serviços e 32 mil na agricultura e pescas", disse Arménio Carlos.

De acordo com o sindicalista, a quebra do emprego fez-se sentir mais sobre os jovens, nomeadamente entre os 25 e os 34 anos, grupo onde foram destruídos 198,5 mil empregos, embora tenha atingido igualmente as outras camadas etárias.

"A destruição do emprego verificou-se quer porque não foram criados novos postos de trabalho por empresas existentes ou novas empresas, quer porque muitas empresas faliram e encerraram. Entre 2011 e 2013 entraram em tribunal mais de 16 mil processos relativos a insolvências, sendo de 25% o aumento entre 2011 e 2013", referiu.

Arménio Carlos salientou ainda que "o desemprego aumentou em massa conduzindo a nova vaga de emigração, principalmente de jovens, muitos dos quais com altas qualificações, tendo saído do país 259.000 pessoas desde 2011".

"O desemprego aumentou 163,6 milhares desde a entrada da 'troika' até ao 3º trimestre de 2013, tendo a taxa de desemprego (oficial) passado de 12,1% no 2º trimestre de 2011 para 15,6%, indicador que subavalia a verdadeira dimensão do desemprego", afirmou.

Para Arménio Carlos o desemprego real atinge 1.432.000 pessoas em Portugal.

"Na verdade, se juntarmos o número de desencorajados (inactivos disponíveis que deixaram de procurar emprego), de inactivos indisponíveis e de subempregados a tempo parcial, o desemprego e o subemprego aumentaram 369 milhares neste período, passando de 1.062,7 mil para 1.432 mil no 3º trimestre de 2013, o que correspondia a uma taxa real de desemprego e subemprego de 25%", disse.

Segundo o líder da Inter, a saída em massa de população jovem, muitas vezes acompanhada pelas crianças, a não ser travada, terá também consequências desastrosas na natalidade, no agravar do envelhecimento e, consequentemente na sustentabilidade da segurança social, podendo pôr em causa as Funções Sociais do Estado e agravando assim a política de desastre nacional a que o Governo tem conduzido o país.

O sindicalista alertou ainda para o aumento do desemprego de longa duração.

"Desde o 2º trimestre de 2011 aumentou em 168 mil o número de pessoas à procura de emprego há um ano ou mais, atingindo mais de 540 mil portugueses no 3º trimestre de 2013 e ultrapassando 2/3 dos desempregados (no 2º trimestre de 2011 o desemprego de longa duração era de 55% do total)", referiu.

RRA// ATR

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