Governo turco defende "maturidade democrática" face a críticas externas
Porto Canal com Lusa
Madrid, 25 abr (Lusa) - O primeiro-ministro turco defendeu hoje a "maturidade democrática" e a "transparência política" do seu país face às críticas que tem recebido, em especial da União Europeia (UE) e de Organizações Não-Governamentais que acusam Ancara de autoritarismo.
Binali Yildirim aludia nomeadamente à declaração da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, segundo a qual as eleições presidenciais e legislativas turcas, que foram antecipadas para 24 de junho, não serão "realmente democráticas" devido ao estado de emrgência que perdura no país e às operações militares em curso.
Num encontro com jornalistas em Madrid, onde se encontra em visita oficial, o primeiro-ministro turco considerou que as críticas se devem apenas a "preconceitos", garantindo que a Turquia tem "uma cultura democrática" e que o prolongamento do estado de emergência serve "para garantir a segurança" da população perante o terrorismo que assola o país.
Justificou a vaga de prisões e demissões na administração pública e no exército após a tentativa de golpe para derrubar o presidente do país, Recep Tayyip Erdogan, em 2016, dizendo que se trata de limpar o país de golpistas e terroristas.
"Estamos a limpar a administração judicial e outros órgãos do país e a tentar continuar com uma vida normal" depois da tentativa de golpe que a Turquia atribui aos membros da irmandade islâmica do imã e dirigente da oposição Fethullah Gülen, que atualmente reside nos Estados Unidos.
Para Binali, a antecipação de eleições também é plenamente justificada, uma vez que o país precisa de estabilidade política e tanto os partidos políticos quanto os grandes investidores assim o exigem.
Adiantou ainda que os políticos turcos admitem vir a realizar novamente atos eleitorais noutros países europeus, onde residem mais de seis milhões de turcos, mas isso depende que sejam autorizados nesses locais e das condições de segurança neles existentes.
Países como a Holanda e a Áustria já anunciaram que não permitirão manifestações ou ações de campanha eleitoral, uma decisão que o próprio ministro de Assuntos Europeus da Turquia, Ömer Çelik, descreveu como "racista".
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