Maio de 68: Legado visível nos dias de hoje entre as novas gerações

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Porto Canal com Lusa

Londres, 18 abr (Lusa) - O historiador Gerard DeGroot considera que o legado do movimento de contestação de Maio de 1968 permanece vivo hoje, como prova o sentimento de confiança na "possibilidade de mudança" visível entre os estudantes norte-americanos que lutam pelo controlo da venda de armas.

"O que os estudantes do ensino secundário estão a fazer nos EUA lembra muito o sentimento de possibilidade que tivemos nos anos 1960 e é muito bom ver isso novamente porque acho que tivemos 50 anos de cinismo e pessimismo sobre a política", disse o académico da universidade escocesa de St. Andrews à agência Lusa.

Autor de "The Sixties Unplugged", um livro publicado pelo historiador norte-americano em 2008 sobre os anos 1960 onde retrata situações em diferentes partes do mundo, como no Congo, África do Sul, Cuba ou EUA, procurando analisar a década num tom mais sóbrio, defendendo a necessidade de olhar para aquela época sem nostalgia nem romantismo.

"Muitos dos meus amigos dos Estados Unidos, por exemplo, estão absolutamente convencidos de que foram pessoalmente responsáveis pelo fim da guerra do Vietname e pelas reformas dos direitos civis. Eu quis tentar romper com essa imagem glorificada e mostrar que a década de 1960 foi, em muitos aspectos, uma década parecida como as dos anos 1950 ou 1970, em que houve coisas positivas, mas também muitas guerras e violência", justificou.

Para além das manifestações estudantis, os anos 1960 são lembrados pelo ativismo pacifista, pela luta contra o racismo nos EUA e pelo espírito de amor livre materializado no festival de Woodstock, mas também pelas guerras no Vietname, no Médio Oriente e em África, ou pela repressão da Revolução Cultural na China.

No Reino Unido, a contestação estudantil sentiu-se em Londres ou em Newcastle, recorda DeGroot, mas a subversão juvenil foi visível sobretudo na criatividade que resultou na cultura popular das minissaias ou da música dos Beatles.

"O Reino Unido não tinha a guerra do Vietname, não tinha um problema racial grave e tinha um sistema social bastante saudável. Havia um nível elevado de emprego, por isso não tinham muito para reclamar. Mais do que uma revolução política, fizeram uma revolução cultural, que se expressou através da moda e da música", afirmou.

Os protestos dos estudantes britânicos foram, vinca o académico, "de certo modo, quase uma espécie de imitação por lá. Quase que pareciam estar a fazê-lo porque estavam a assistir aos que estavam a fazer os outros estudantes em outras partes do mundo".

Refletindo sobre o que resultou do espírito do maio de 1968, Degroot lamenta que se tenha instalado um certo cinismo relativamente à política e uma falta de confiança na possibilidade na mudança acionada pela própria sociedade.

"Seria bom reviver essa ideia de um movimento popular que era tão forte nos anos 60. Talvez seja o legado que podemos retirar: não necessariamente mudanças concretas, mas um espírito social e uma crença na possibilidade", conclui.

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