Uma "Montanha" de dificuldades é superada por alunos e deficientes na Casa da Música

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Porto Canal com Lusa

Porto, 08 abr, (Lusa) - A Casa da Música, no Porto, estreia, na segunda-feira, o espetáculo "Montanha", que reúne alunos de escolas de música e dança a pessoas com necessidades especiais, para abordar dificuldades diárias comuns, e como as superar, numa conceção conjunta.

Para a criação do espetáculo, que envolve o Balleteatro, a Escola Profissional de Música de Espinho (EPME) e a associação Rumo à Vida, a Casa da Música convidou Tim Yealland, responsável pelos projetos educativos da English Touring Opera, com quem já tinha trabalhado, e tomou como fonte de inspiração, neste "Ano Áustria" da instituição, o aparecimento de uma múmia com milhares de anos, nos Alpes austríacos.

"Temos música, temos dança e representação. A música foi composta aqui, muitos dos diálogos foram compostos aqui, as letras que vamos cantar são compostas aqui, com contributos das três comunidades", disse o responsável pelo Projeto Educativo da Casa da Música, Jorge Prendas.

"Isto tudo começou quando soubemos que o ano que estamos a celebrar na Casa da Música é o 'Ano Áustria'", disse o responsável aos jornalistas, na apresentação à imprensa do espetáculo que envolve "cerca de 90 pessoas" e dura "mais de uma hora".

Pensou-se então num projeto que ligasse "por um lado a Áustria" e, por outro, as "comunidades envolvidas", tendo para isso contactado o artista Tim Yealland, que já trabalhara com a Casa da Música noutras iniciativas, responsável educativo da companhia britânica que tem por missão desenvolver projetos similares e levar espetáculos a áreas de periferia, no Reino Unido, com menos acesso à Cultura.

Posteriormente foram contactadas as três entidades - Balleteatro, EPME e associação Rumo à Vida - por já conhecerem o seu trabalho.

Em palco vão estar os alunos do 3.º ano do curso de Dança da escola profissional Ballteatro, alunos da EPME e elementos da Rumo à Vida, associação de pessoas com necessidades especiais, de Matosinhos.

"Tim [Yealland] foi criando uma história baseada na história real do aparecimento de uma múmia com 5.300 anos, nos Alpes austríacos. É exatamente a essa montanha que nós subimos: a montanha são todas as dificuldades que diariamente se nos colocam", revelou Jorge Prendas.

Sobre a peça, Jorge Prendas disse que a múmia, conhecida por Ötzi, é "trazida para a nossa vida moderna, e depara-se com muitas dificuldades". "Depois, volta para a montanha, onde se liberta".

"A base da história é ultrapassar os limites, vamos ver muitas partes em que as pessoas com deficiência pedem calma. Precisam de calma, porque não conseguem fazer tudo à primeira. Nem nós às vezes conseguimos. Mas creio que a múmia até é apenas um pretexto para dizer que as limitações podem ser ultrapassadas", disse à Lusa Daniela Miranda, da Balleteatro.

Ana Oliveira, da mesma escola, acredita que este tipo de "colaborações" é uma mais valia no seu crescimento, "não só como artista mas também como pessoa".

Por sua vez, Carina Fonseca, da EPME, considerou que "este tipo de espetáculos abre mais os horizontes, não só na evolução técnica, mas também pessoal", e disse ainda que o som cria o ambiente necessário.

"Acho que a música é o que dá o ambiente à peça, porque, quando vemos uma cena em silêncio, não há tanto impacto como se tivesse som", disse à agência Lusa, durante o ensaio de imprensa que se realizou na sexta-feira, na Casa da Música.

Da parte da Associação Rumo à Vida, a diretora técnica, Clara Soares, vê a importância da parceria na "visibilidade" que dá de instituições como a que representa, e salienta que "a maior surpresa é ver aquilo que cada um consegue aprender e fazer".

A peça começou a ser trabalhada há cerca de um ano, e os trabalhos "no terreno" começaram em dezembro, contou Jorge Prendas, e acrescentou que "há um guião na cabeça do Tim [Yealland], mas há depois um processo criativo que é coletivo".

"A música foi composta aqui, muitos dos diálogos foram compostos aqui, as letras que vamos cantar são compostas aqui, com contributos das três comunidades. Esse é um princípio que é comum a muitos dos nossos projetos", concluiu Jorge Prendas.

"Montanha" tem direção artística de Tim Yealland, direção musical de Jorge Prendas, interpretação de Miguel Ramos e elementos da Associação Rumo à Vida, Balleteatro Escola Profissional e EPME, vídeo, cenografia, adereços e figurinos de Cristiana Felgueiras.

O início do espetáculo está marcado para as 21:00, na Sala Suggia.

CZC/JZP/MAG // MAG

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