DGArtes: Setor quer combater subfinanciamento crónico e pôr fim a assimetrias regionais

| Política
Porto Canal com Lusa

Redação, 06 abr (Lusa) - Uma política cultural que corrija o subfinanciamento crónico do Orçamento do Estado para a Cultura e que reduza as assimetrias regionais são argumentos comuns ao projeto Artemrede e ao diretor do Teatro da Rainha, Fernando Mora Ramos.

A atribuição de apoios ao teatro, nos atuais moldes, "é absurda e desequilibrada", disse à agência Lusa Fernando Mora Ramos, encenador do Teatro da Rainha, para quem a questão "não se resolve com concursos, seja de que tipo forem".

Ausente das concentrações que hoje reuniram profissionais do setor, em diferentes cidades do país, por motivos de trabalho, - mas com eles na crítica -, para o diretor da companhia radicada nas Caldas da Rainha falta uma "política estruturada no todo nacional", e os concursos "deveriam [desempenhar] um papel complementar, relativamente às estruturas privadas que queiram cumprir serviço público artístico".

Num país com um "interior condenado ao isolamento", com cada vez "menos natalidade e mais emigração", Mora Ramos defende que "a resposta ao abandono não se faz com estradas", mas com "uma resposta cultural, em que o papel sociológico do teatro justifica a existência de "uma solução do tipo de teatros públicos, para o resto do país", e não apenas em Lisboa e no Porto, afirmou, referindo-se aos dois teatros nacionais.

"Só uma reforma centrada na ideia de teatro públicos - de diversa escala e finalidade -, numa articulação com as regiões", pode assegurar o direito do público dos territórios mais desfavorecidos à fruição cultural, defendeu o encenador à Lusa.

O caminho, segundo Mora Ramos, poderia passar pelo modelo tripartido "Estado, autarquias e companhias", previsto na lei anterior e que "este Governo descartou".

Ao invés, o atual modelo de apoios, resulta "numa manta de remendos de tamanhos diferentes", em que não é feita uma "avaliação continuada do trabalho das companhias no terreno", e os apoios são atribuídos com base "no último barulho das luzes", e não sobre os resultados reais dos projetos.

"O teatro é um pulmão democrático de largo espetro criativo e educativo, arte múltipla e pluridisciplinar, móvel e residente, permanente, efémera, de mais de dois mil e quinhentos anos", já tinha defendido Mora Ramos, num depoimento escrito, sobre a situação. Autores como Ésquilo e Shakespeare, Brecht e Martin Crimp "falam-nos, como nenhuns outros na atualidade o fazem". "O país tem tido uma vida cultural amputada, sofre de 'presentismo' disfuncional, vistas curtas e projetos curtos de alcance e de tempo, que enraíze mudanças estruturais".

A Artemrede, por seu lado, projeto de cooperação cultural que congrega 15 municípios, sustenta, em comunicado, "o momento [atual] em que justamente se reivindica uma política cultural que corrija o subfinanciamento crónico do Orçamento do Estado para a Cultura, e reduza as assimetrias regionais".

Recorda, por isso, as conclusões do seu 2.º Fórum Político, realizado há um ano: "As propostas da Artemrede, enquanto projeto de cooperação intermunicipal e enquanto rede de cidades e de equipamentos culturais, foram [então] validadas pela discussão entre autarcas de filiações político-partidárias distintas, representando cidades de escalas e características, também elas, muito diversas", recorda hoje a estrutura.

As propostas "apostam na inovação dos modelos e não na repetição de fórmulas", destacando-se o aumento "progressivo e substancial" do Orçamento do Estado para a Cultura, e o estabelecimento de convenções entre Governo e autarquias

No que diz respeito à política governamental, a Artemrede defende igualmente "uma linha de financiamento a entidades de cooperação intermunicipal, que protagonizem projetos de apoio à criação artística descentralizada e uma programação de ativação territorial", que inverta fenómenos de isolamento e 'interiorização'.

A Artemrede, constituída há 13 anos, é um projeto de cooperação que congrega os municípios de Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Barreiro, Lisboa, Moita, Montijo, Oeiras, Palmela, Pombal, Santarém, Sesimbra, Sobral de Monte Agraço e Tomar, abrangendo perto de 300 companhias e artistas, num universo aproximado de 1,36 milhões de habitantes, de acordo com dados disponíveis no sítio do projeto na Internet.

DYA (MAG) // MAG

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