Esforço dos portugueses já foi ao limite, é preciso "levantar a voz" à 'troika'

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 07 jun (Lusa) - O CDS-PP defendeu hoje que "o esforço dos portugueses já foi ao limite do aceitável" e é altura de Portugal ser exigente com os parceiros internacionais, argumentando que "reclamar o estatuto de país cumpridor é saber levantar a voz".

"Neste momento, o esforço dos portugueses já foi ao limite do aceitável, é altura de sermos exigentes com o esforço dos nossos parceiros internacionais", afirmou João Almeida.

O vice-presidente da bancada do CDS-PP, João Almeida, considerou que as declarações de hoje do comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, "devem merecer o repúdio de Portugal".

O comissário europeu acusou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus", com as críticas aos resgates à Grécia.

"Mas afinal de contas onde é que está a irresponsabilidade? A irresponsabilidade está num país que procura a todo o custo conseguir cumprir o mínimo de um programa que tem necessariamente os seus defeitos para conseguir recuperar a sua autonomia? Ou num conjunto de instituições que definiu um programa errado e que agora se entretém não em corrigir os erros desse programa, mas em discutir uns com os outros de onde é que vêm os erros e se eles existem ou não existem", questionou João Almeida.

Para João Almeida é preciso ter a "coragem de exigir" que os técnicos que visitam Portugal e que "condicionam" o Governo nas suas opções de políticas, "integrem aquelas que são as reflexões dos responsáveis políticos destas organizações".

"Não se explica a um povo que quando vê na televisão responsáveis políticos do FMI, do BCE e da Comissão Europeia a assumir erros do programa, a assumir que a austeridade está a ter consequências mais negativas do que aquilo que era previsto, que depois quando há avaliações do programa de ajustamento, a consequencia que os técnicos dessas mesmas instituições impõem a Portugal e aos portugueses são consequencias que estão totalmente ao arrepio destas reflexões que os seus responsáveis políticos são capazes de fazer", sustentou.

Segundo o 'vice' da bancada do CDS-PP, que é porta-voz do partido, "reclamar o estatuto de país cumpridor é saber levantar a voz de um país que quer ter um ajustamento coerente com o esforço que está a fazer".

"Isso Portugal deve reclamar. Deve exigir permanentemente uma adaptação do programa à realidade, mas não basta exigir uma adaptação do programa à realidade, é preciso exigir que essa adaptação seja feita em tempo útil", afirmou.

João Almeida argumentou que "de nada serve andar a fazer revisões de cenário macroeconómico e revisões das metas do défice, se já são feitas depois da degradação da conjuntura económica ter sido operada" e "de nada vale essa revisão de metas e de nada vale essa adaptação do programa se na economia já estão produzidos todos os danos de uma política errada".

Para o CDS-PP, "é fundamental" uma "observação crítica" do que se passa com a 'troika'.

"Não podemos compreender reconhecimentos envergonhados de erros, que são reconhecimentos no momento e são recuos no momento seguinte, que são afirmações perentórias num momento e são relatórios assumidos num momento e declarações equívocas no momento seguinte", afirmou.

"Não podemos admitir algo ainda pior, que são divergências públicas entre diferentes instituições que fazem parte da 'troika'. Como podemos explicar nós aos cidadãos portugueses aquilo que está a acontecer em Portugal, quando os nossos parceiros internacionais perdem tempo discutindo uns com os outros se o programa estava mais ou menos adequado à realidade", questionou.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) esclareceu na quinta-feira que os "erros" no primeiro resgate à Grécia devem ser avaliados no contexto de uma "crise excecional" e da urgência em atuar, considerando que, com a mesma informação, "teria feito o mesmo".

"O relatório avalia como se podiam ter feito as coisas de maneira diferente. Mas, neste momento, com a mesma informação, teríamos feito o mesmo", afirmou Gerry Rice, porta-voz do Fundo, na sua conferência de imprensa diária, respondendo às perguntas dos jornalistas sobre o documento divulgado na quarta-feira em que o FMI reconhece "falhanços notáveis" no primeiro programa de resgate da Grécia.

A Comissão Europeia disse já "discordar fundamentalmente" de algumas das conclusões do relatório.

Questionado sobre o documento do FMI, o porta-voz dos Assuntos Económicos alegou que o relatório foi elaborado "por alguns técnicos do FMI" e não reflete uma "posição oficial" da instituição, com quem, asseverou, o executivo comunitário mantém uma "relação de trabalho construtiva", incluindo no programa de assistência a Portugal.

ACL/(ND) // SMA

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