Planeta em 'stress' hídrico em debate no Fórum Mundial em Brasília

Planeta em 'stress' hídrico em debate no Fórum Mundial em Brasília
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Porto Canal com Lusa

O 8.º Fórum Mundial da Água, em Brasília na próxima semana, junta especialistas de todo o mundo à volta do uso racional e sustentável, mas as projeções indicam cada vez menos quantidade.

Uma simulação feita pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI, na sigla original, com sede em Washington, Estados Unidos) indica que cada pessoa tinha em 2010 uma quantidade de água renovável avaliada em 5.675 metros cúbicos, que em 2050 serão apenas 4.250. São 5,6 milhões de litros por ano que passarão a 4,2 milhões dentro de pouco mais de 30 anos. É uma diminuição de 25% da água.

Nas projeções de recursos hídricos renováveis internos por pessoa (metro cúbico/pessoa/ano) todas as regiões perdem água, com a Europa e Ásia Central a serem ainda assim das regiões menos prejudicadas, passando de 7.756 metros cúbicos para 7.572.

Em termos resumidos, a América do Norte passa de pouco mais de 13 mil metros cúbicos para 10 mil, a América Latina e Caribe de 21 mil para menos de 17 mil e a Ásia Meridional de 1.325 para 910.

A Ásia Oriental e o Pacífico perdem apenas um pouco de água, o Médio Oriente e a África do Norte passam de 778 metros cúbicos por ano/pessoa para 506, e a África Subsaariana terá em 2050 menos de metade da água do que tinha em 2010, passando de 5.492 metros cúbicos para 2.634.

Sem uma inversão do caminho que o mundo leva, com as alterações climáticas (um dos temas do Fórum), em 2050 haverá mais 2.300 milhões de pessoas do que hoje (40% da população mundial) a viver em bacias de rios afetadas por ‘stress’ hídrico grave, segundo previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Num relatório divulgado em 2015, um grupo de alto nível de peritos em segurança alimentar, criado em 2010 para apoiar o Comité de Segurança Alimentar Mundial das Nações Unidas, citava organizações internacionais (OMS e UNICEF) para dizer que 36% da população mundial não tinham saneamento em condições e que 768 milhões usavam água não potável.

De acordo com o “World Resources Institute”, uma organização não-governamental ambientalista com sede em Washington, o ‘stress’ hídrico afeta todo o planeta, mas é extremamente elevado em regiões como o sul da Península Ibérica e a Itália, na Europa, o México e os Estados Unidos, e depois regiões como o Médio Oriente, o subcontinente indiano e a Ásia Central, parte da China, o sudeste da Austrália, a África do Sul e Moçambique e a costa do Pacífico da América do Sul.

Os dados não diferem muito dos que disponibiliza a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla original), em cujos mapas sobressai a seca extrema da Austrália, do sul da América do Sul, da América central e do norte, e de partes da África subsaariana.

E quando partes do mundo ficam cada vez com mais sede (enquanto noutras regiões se morre afogado, devido às alterações climáticas), a página www.waterfootprint.org faz os cálculos sobre a pegada da água. Para cada grama de manteiga são precisos 6,4 litros de água, para um café 130 litros, uma fatia de pão consumiu mais de 40 litros de água.

E depois uma barra de chocolate consume 1.700 litros de água, um bovino consume no tempo de vida 1.890.000 litros (o frango é o que produz uma pegada menor), uma manga “custa” 1.800 litros, uma laranja 80 litros, uma chávena de chá 30 litros de água e um copo de vinho 110 litros.

Numa entrevista recente à Agência Lusa o presidente do Conselho Mundial da Água (que organiza o Fórum da próxima semana), Benedito Braga, salientou que a discussão sobre as alterações climáticas se centra na energia e nos gases com efeito de estufa, mas na verdade o maior impacto é no sistema hídrico do mundo, com secas mais longas e cheias mais intensas.

“Todos os países são afetados hoje, há problemas em todo o mundo, tivemos seca na Califórnia, tivemos seca na Turquia, no Brasil, aqui em Portugal agora. Acontecem em todos os locais”, disse o responsável à Lusa.

O aumento da segurança hídrica é o objetivo do 8.º Fórum Mundial da Água, o maior evento internacional sobre a água deste ano.

Segundo o Painel Mundial da Água (que junta 12 chefes de Estado na promoção da água no âmbito das Nações Unidas), são necessários 553 mil milhões de euros por ano até 2030 para aumentar a segurança hídrica mundial.

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