Lisboa, 13 jan (Lusa) -- A recuperação do mercado imobiliário foi confirmada nos últimos três meses de 2013, graças, sobretudo, aos vistos gold para investidores estrangeiros e ao regime fiscal para residentes não habituais, anunciou hoje a associação do setor.

De acordo com dados hoje divulgados pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), dos quase 97 mil imóveis transacionados no ano passado, 25,9% aconteceram no terceiro trimestre e 25,6% nos últimos três meses.

"Creio que estes números transmitem, acima de tudo, algum otimismo e esperança para a recuperação do mercado imobiliário neste novo ano de 2014", afirmou o presidente da APEMIP, Luís Carvalho Lima, em nota hoje divulgada.

Defendendo ser importante que o crescimento continue "para fazer com que este setor volte a contribuir, como já contribuiu, para desenvolvimento da economia do país", Luís Carvalho Lima alertou para o travão imposto "pela situação conjuntural e pela fiscalidade aplicada".

Por isso, adiantou impostos como "o IMI ou o IMT devem ser readequados à realidade do país com a maior urgência possível".

Também a redução do número de imóveis entregues aos bancos por falta de pagamento (dação em pagamento) foi confirmada no último trimestre do ano passado, informou a associação.

Segundo a APEMIP, do total de 2.504 imóveis entregues no ano passado, 655 foram entregues no quarto trimestre, registando-se uma quebra de 54,5% face ao período homólogo de 2012.

Este número representou, no entanto, um aumento de 30% face ao trimestre anterior, com o mês de dezembro a ser o mais representativo, já que chegou aos 43%

"O decréscimo no número de imóveis entregues [aos bancos] no decorrer do ano 2013, está relacionado com a atuação dos bancos junto dos seus clientes, pois passaram a adotar uma posição mais facilitadora do pagamento das dívidas de crédito à habitação pelas famílias", lembrou o presidente da associação, sublinhando que o final de 2013 ficou "marcado pelo início do otimismo no imobiliário".

Os dados da APEMIP adiantam que as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto concentraram mais de um quarto (28%) das dações em pagamento, já que cinco dos 10 municípios mais penalizados se situam nessas zonas: Sintra, Vila Nova de Gaia, Oeiras, Maia e Gondomar.

A associação acrescenta ainda que o arrefecimento do mercado imobiliário afetou não só as famílias mas também os operadores que investiram em novos empreendimentos, pelo que "parte significativa dos imóveis entregues em dação em pagamento é oriunda desse setor".

Nos 10 municípios mais penalizados em termos de dações em pagamento, metade dos imóveis recebidos pelos bancos foram entregues por investidores.

O relatório da APEMIP adianta também que quase um em cada cinco municípios (56 dos 308) registou, pelo menos, 500 transações imobiliárias em 2013, sendo que o maior número foi efetuado em Leiria e o menor na ilha açoriana do Corvo.

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