Militantes divididos quanto à justificação de Portas sobre demissão

| Política
Porto Canal / Agências

Oliveira do Bairro, 11 jan (Lusa) - Um dos momentos mais aguardados do congresso do CDS-PP era a justificação de Paulo Portas relativamente à sua "irrevogável" demissão e os militantes do partido ouvido pela Lusa ficaram divididos quanto à satisfação dos argumentos utilizados.

No final da manhã do primeiro dia do XXV Congresso do CDS-PP, o líder centrista e vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, afirmou que a crise política do verão acabou por resultar num Governo "mais forte" e que "a economia beneficia com isso", sustentando que "o que teve de ser teve muita força".

A agência Lusa procurou falar com alguns militantes do CDS-PP para tentar perceber se os argumentos apresentados por Portas tinham sido suficientes e se a palavra "irrevogável" tinha passado definitivamente a ser passado.

Militante há mais de três décadas, José Loureiro, da concelhia de Amarante, considera que se o líder centrista não tivesse tomado a atitude de apresentar a demissão em julho do ano passado, Portugal estaria hoje "muito pior" do que o que está, realçando que "o Governo está muito mais sólido".

"Embora haja muita gente que está contra a atitude que o Dr. Paulo Portas tomou na altura, eu acho que ele fez muito bem. O único erro que ele fez na altura foi ter dito que era irrevogável. Devia ter posto lá umas reticências que não pôs", disse.

Muito crítico esteve José Gagliardini Graça, militante do Porto há mais de 15 anos, que foi perentório: "Penso que Paulo Portas não justificou, ficou aquém das expectativas que o próprio criou e acho que era importante explicar-nos isso de uma forma mais clara e mais eficaz".

O centrista defendeu que a justificação do vice-primeiro-ministro "não chega" e que o resultado desta crise do verão "foi grave", podendo Portugal estar "numa circunstância melhor" do que a atual e até "prescindir de um programa cautelar".

"Pareceu-me uma entrada e um discurso pouco motivador. Nós esperávamos mais deste discurso", lamentou.

Já Armindo Leite, da concelhia de Barcelos e no partido há quase 40 anos, ficou satisfeito com o discurso de Portas, considerando que esta temática da demissão ficou "definitivamente encerrada porque há razões que a própria razão desconhece".

"Infelizmente os portugueses são capazes de não compreender mas penso que a posição de Paulo Portas acabou por ser benéfica até para o próprio país. A coligação saiu mais consolidada e penso que acabou por ser benéfico para nós todos", afirmou.

Para Armindo Leite a palavra irrevogável "tem que desaparecer, assim como a história dos submarinos tem que desaparecer porque isso são 'faits divers' e não levam a lado nenhum".

Entre os mais jovens, Frederico dos Santos, da Juventude Popular de Mafra e secretário-geral da distrital de Lisboa, defendeu que "perante esta situação Portugal saiu por cima porque tem hoje um Governo mais forte e que está a fazer um melhor trabalho do que anteriormente".

"Para o CDS foi positivo porque vinculamos a nossa posição no Governo. Agora ao nível de Portugal foi negativo", comparou.

Frederico dos Santos acredita que "a partir de hoje" vai ser possível "instaurar uma nova época em Portugal e o Governo daqui a dois anos estará noutra posição e o CDS também", antecipando uma vitória de novo.

JF/ACYS // SMA

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