Portas acusa de Seguro de querer que TC "deite abaixo" medidas que permitem saída à irlandesa
Porto Canal / Agências
Lisboa, 11 jan (Lusa) - O presidente do CDS-PP acusou hoje o secretário-geral socialista de querer terminar o programa de assistência em maio e como a Irlanda e, ao mesmo tempo, defender que o Tribunal Constitucional "deite abaixo" as medidas que o viabilizam.
"Não é possível dizer de manhã que se defende que Portugal termine o programa em maio e que até devemos sair do programa como a Irlanda, e depois, à tarde, no mesmo dia, querer que o Tribunal Constitucional deite abaixo todas as medidas que viabilizam que Portugal termine o programa em maio", afirmou Paulo Portas.
"É querer tudo e o contrário de tudo", declarou, dirigindo-se diretamente ao líder socialista, António José Seguro, com "amena clareza e divergência".
Paulo Portas argumentou que "é um caminho perigoso" o de "querer agradar a muita gente, muito rapidamente, sem ter em vista que há um valor comum mais importante que acontecerá em maio" com o fim do programa da 'troika'.
"Devemos ter todos o sentido comum de perceber que é mais importante chegar com um módico de tranquilidade do que colocar sucessivas pedras no caminho, não de um Governo, mas de um país, cujo amor nos deve unir", sustentou.
Na sua primeira intervenção perante o XXV Congresso do CDS-PP, que decorre hoje e domingo em Oliveira do Bairro, no distrito de Aveiro, Portas manifestou a "singular obsessão" de que "Portugal seja um país normal".
"Quero que os portugueses tenham a ambição de poder viver normalmente em Portugal. Por isso, não contribuirei para dinamitar a possibilidade de chegarmos a essa normalidade e, por isso, eu sei que é preciso terminar com a excecionalidade em que temos vivido", disse.
Para alcançar essa "normalidade", o presidente centrista reiterou a importância de não existir um segundo resgate e 2014 ser o ano em que "há vida para além da 'troika'", terminando a "situação vexatória" de um "co-Governo dos credores" que faz de Portugal um "protetorado".
"Só há um segundo resgate quando o primeiro falha, não há memória de um segundo resgate ser melhor do que o primeiro", afirmou, recorrendo ao exemplo irlandês.
"Digam lá se a Irlanda não saiu no primeiro momento possível?", questionou, considerando que a resposta dos irlandeses é "absolutamente evidente".
O presidente do CDS-PP iniciou a sua intervenção perante o órgão máximo do partido afirmando que "ser do CDS nunca foi a opção mais fácil" e ser do CDS "nos anos do resgate" foi e é "um desafio diário" à capacidade de acreditar, crer, entender e explicar.
Durante a intervenção, no palco multimédia, composto por painéis em que são projetadas imagens, leu-se um novo 'slogan': "Portugal vale a pena".
"A história do nosso partido é singular. Nascemos debaixo de fogo, singrámos apesar dos interesses. Nunca governámos em tempo de vacas gordas e nunca nos podem acusar de gastar o que não havia ou endividar o que não se podia", declarou.
"Avisámos sempre que este modelo de sociedade e uma Constituição em que os direitos são sempre absolutos e os deveres relativos não era sustentável", defendeu.
Segundo Paulo Portas, o CDS, que "só foi chamado a governar quando a casa está a arder", voltou, neste Governo, a dar "o corpo ao manifesto para resolver o problema que outros criaram".
ACL // SMA
Lusa/Fim