Banqueiros recusam estender 'passadeira vermelha' a novos operadores sem regulação

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 07 fev (Lusa) -- Os presidentes dos principais bancos portugueses recusaram hoje estender a 'passadeira vermelha' às empresas tecnológicas de serviços financeiros, as chamadas 'fintech', e exigiram regulação para estes novos operadores de mercado, que admitem tirar negócio às instituições bancárias.

Intervindo num painel sobre a transformação digital da banca portuguesa na cimeira Banking Summit, em Lisboa, o presidente do Millennium BCP, Nuno Amado, vincou que "não é justo competir" com entidades que não estão sujeitas às mesmas regras, nomeadamente as 'fintech', que oferecem produtos como cartões de crédito, empréstimos e investimentos sem regulação, e ainda têm "'red carpet' [passadeira vermelha]" para o fazer.

Como exemplo, apontou que "quem vai fazer um depósito de 10 mil euros numa sucursal tem de preencher um formulário, [...] mas para a transferência de créditos não há o mesmo procedimento".

Por isso, questionou: "Quem vai pagar os custos da supervisão? Quem vai financiar a economia portuguesa se houve uma mudança significativa para outras regiões? E os riscos de roubo e de fraude, quem fica responsável?".

Aludindo a outra realidade da digitalização da banca, a da transação de moedas virtuais, Nuno Amado salientou que "alguém tem de seguir isto", já que também aqui não existe regulamentação.

Além disso, notou que "há regras locais que se aplicam a territórios onde as transações podem não estar".

Também preocupado com estes novos concorrentes mostrou-se o presidente do Santander Totta, António Vieira Monteiro, que disse ser necessário conhecer "esta globalização dos sistemas de pagamentos e dos atores que estão noutra parte do mundo".

Ainda assim reconheceu que as regras impostas às tradicionais instituições bancárias vão levar a que estas "percam negócio" para atividades sem regulação como a das 'fintech', que vão "tomar partido disso".

António Vieira Monteiro sublinhou que, para fazer face a esta concorrência, os bancos têm de apostar "noutras áreas que não se podem vir a perder".

"Temos uma coisa fundamental que é a confiança dos clientes e esta confiança tem de ser cada vez mais alimentada", realçou, referindo que a aposta na área digital tem de tornar "a vida mais simples, mas também aumentar a confiança".

Ainda assim, o responsável admitiu que gostava de ter "mais concorrentes dentro das mesmas regras".

Também para o presidente do Novo Banco, António Ramalho, há que apostar em "vantagens competitivas que permitam [aos bancos] se diferenciarem".

Pablo Forero, presidente do BPI, notou que são várias as leis que as instituições bancárias tradicionais têm de cumprir, e, por essa razão, pediu uma "regulação mais neutral" entre os bancos e os novos operadores, frisando que "a concorrência pode ser boa para os clientes".

"Há muitas questões que precisam de ser resolvidas", concluiu, por seu lado, o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo.

ANE/IM // MSF

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