Presidente da Guiné Equatorial diz que opositor morreu por doença e não devido a tortura

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Porto Canal com Lusa

Malabo, 18 jan (Lusa) -- O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, negou hoje que um militante da oposição tenha morrido na sequência de tortura, como afirmou o partido Cidadãos para a Inovação.

"Isso não é verdade. A oposição está a tentar retirar vantagem da situação. Falar de tortura, isto não é verdade", disse Obiang, numa entrevista aos meios de comunicação franceses France24 e RFI, em Malabo, divulgada hoje.

Na segunda-feira, o líder do Cidadãos para a Inovação (CI, oposição) afirmou que um membro do partido, Santiago Ebe Ela, morreu na madrugada de domingo numa esquadra na capital equato-guineense, "devido a tortura".

"Estamos a falar de uma pessoa que estava doente. Uma pessoa pode morrer num hospital, em casa. Isto não significa que a polícia possa ser responsabilizada. Quando uma pessoa está doente, tem de ser levada ao hospital", referiu o Presidente aos jornalistas franceses.

Questionado se o caso será investigado, Teodoro Obiang respondeu que "a justiça, não a presidência, poderá conduzir uma averiguação".

O chefe de Estado equato-guineense não justificou a sua alegação de que a morte não foi causada por tortura, comentando apenas que se trata de um "caso muito recente, que ocorreu há dois ou três dias".

Durante a entrevista, Obiang reiterou a convicção do Governo de Malabo de que o alegado golpe de Estado, que as autoridades equato-guineenses dizem ter frustrado no final de dezembro passado, foi lançado a partir de França.

"Eu não tenho neste momento capacidade para indicar nomes de indivíduos, mas peço a cooperação do Governo francês para realizar uma investigação. Posso dizer que isto foi financiado por algumas pessoas de França", indicou.

Da mesma forma, o Presidente equato-guineense espera colaboração das autoridades do Chade para apurar "porque é que as pessoas saíram" deste país para a Guiné Equatorial e "como é que as armas foram angariadas", já que Malabo responsabiliza um antigo responsável militar chadiano de envolvimento no alegado golpe contra o líder da Guiné Equatorial.

Às perguntas sobre a existência de presos políticos na Guiné Equatorial e acusações de organizações de defesa dos direitos humanos de que aquele país não tem uma democracia efetiva, Obiang negou perseguir opositores.

"Eu não faço isso. É o Ministério Público que tem a capacidade de prender pessoas. A democracia deve ser conduzida de forma transparente e livre, mas não para atacar. Este partido político tornou-se um grupo rebelde que atacou não só polícia mas também cidadãos", disse, referindo-se ao partido Cidadãos para a Inovação, que tem o único eleito da oposição no parlamento, quando os restantes 99 deputados são do PDGE.

O Presidente também rejeitou que estejam presos mais de 200 membros do CI: "Cerca de 20 pessoas estão envolvidas, mas talvez o Ministério Público possa responder".

Esta segunda-feira, o líder do CI, Gabriel Nsé Obiang Obono, referiu que 146 pessoas estão detidas desde há duas semanas em esquadras em todo o país.

Obiang, no poder desde 1979 e o Presidente há mais tempo em funções em África, também disse que "está pronto" para deixar a presidência no final do seu mandato, em 2023.

"Eu anunciei ao meu povo que estou pronto para sair, porque trabalhei consideravelmente, e aguardo a resposta. Acredito que chegou a altura de o partido [Partido Democrático da Guiné Equatorial] organizar uma possível transição", comentou.

Na entrevista, o chefe de Estado classificou de "ingerência" e "humilhação" a condenação pela justiça francesa do seu filho Teodoro Teodoro Obiang Nguema Mangue -- mais conhecido como 'Teodorin' -- e vice-presidente da Guiné Equatorial por ter construído de modo fraudulento em França um património considerável.

"A justiça francesa não tem o direito de julgar. Estamos a falar de interferência e de humilhação. (...) É preciso respeitar a lei internacional. A França leva a cabo uma justiça imperialista. Também devemos julgar os Estados Unidos, China, Rússia, em vez de começar a interferir com um papel pequeno como a Guiné Equatorial", considerou.

Teodoro Obiang foi questionado sobre a frase atribuída na semana passada ao Presidente norte-americano, Donald Trump, de que Estados como os africanos são "países de merda", posição que classificou como "imprudente".

"É preciso respeitar todas as raças do mundo. Isto é um comentário discriminatório. Não estou preocupado com isto. Eu tenho orgulho em ser negro, não tenho complexos em frente a um branco", afirmou.

Instado a comentar se o chefe de Estado norte-americano é racista, respondeu: "Essa é a verdade".

A Guiné Equatorial faz parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

JH // VM

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