Agitação marítima põe bombeiros de Espinho e Ovar em alerta
Porto Canal
As corporações de bombeiros de Ovar e Espinho estão em alerta hoje e no sábado para prevenir estragos decorrentes da agitação marítima, que poderá pôr em risco zonas de habitação e já obrigou à abertura de valas preventivas.
Em declarações à Lusa, o comandante dos Voluntários de Espinho, António Proença, revelou que depois de na passagem de ano as ondas do mar terem galgado a rua 2 e as zonas do bairro dos pescadores e da capela de Paramos, a situação acalmou, mas espera-se agora "um novo pico".
"Às cinco da manhã [de sábado] a situação pode complicar-se, porque será altura da preia-mar, a maré estará bastante alta e há previsões de ondulação de oito metros e algumas rajadas de vento do noroeste", explicou António Proença.
"Há risco de inundações nas casas, mas as barreiras que criámos com o Regimento de Engenharia de Espinho devem minimizar o problema", acrescentou.
O comandante dos bombeiros referia-se às obras realizadas esta semana, com o envolvimento dos militares que operam no concelho e os responsáveis autárquicos pela Proteção Civil, com vista à criação de barreiras em areia para impedimento do avanço do mar e a abertura de valas no solo para evitar o alastramento da água.
"Usámos uma máquina giratória e outra de rasto para criar barreiras e abrir valas, na tentativa de evitar ao máximo as inundações", explicou António Proença. "São medidas provisórias e preventivas, que vão ajudar a lidar com a situação e depois podem ser eliminadas, para a zona voltar ao seu estado", garantiu.
Miguel Gomes, comandante dos Bombeiros Voluntários de Esmoriz, admitiu à Lusa que, ao contrário do habitual, desta vez não é o bairro piscatório dessa localidade do concelho de Ovar o mais afetado pela agitação marítima e pelo avanço do mar.
"A zona que está a ser mais fustigada está a norte, sobretudo em Silvalde, Paramos e Espinho", explicou. "Em Esmoriz, o bairro dos pescadores até tem estado calmo para o habitual e a Praia do Campinho é que tem sido mais afetada", continuou.
Os estragos dos últimos dias prendem-se principalmente com o arranque das proteções em madeira e pedra, que acabaram lançadas da praia para a via pública. Mas Miguel Gomes assegurou que a avenida marginal, com as suas habitações altas, não deverá correr riscos, sendo que as maiores preocupações para a próxima madrugada são motivadas pelo rio Lambão.
"A Barrinha de Esmoriz ficou tão cheia nestes dias que está a esvaziar para o mar muito lentamente", revelou o bombeiro. "Se não parar de chover, o caudal do rio vai aumentar ainda mais e, se ultrapassar a sua cota máxima, quase de certeza absoluta que a água vai entrar pelas casas que há lá perto".