Jerusalém: Presidente turco acusa Trump de ter uma "mentalidade sionista"

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Porto Canal com Lusa

Istambul, Turquia, 13 dez (Lusa) -- O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusou hoje o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, de ter uma "mentalidade sionista", após o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel.

"O verdadeiro proprietário destas terras é a Palestina. Trump quer que tudo seja Israel. É o resultado do evangelismo e de uma mentalidade sionista", criticou o chefe de Estado turco, no encerramento de uma cimeira extraordinária da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) em Istambul.

"O destino de Jerusalém não pode ser deixado nas mãos de um país que se sacia com sangue, que expande as suas fronteiras matando selvaticamente crianças, civis e mulheres", acrescentou Erdogan, atual presidente rotativo da OCI, organização que integra 57 Estados-membros.

Para o governante turco, "está fora de questão" que Washington mantenha o papel de mediador nas conversações de paz entre palestinianos e israelitas.

"Esse processo está terminado", reforçou Erdogan, que algumas horas antes já tinha acusado Israel de ser um "Estado de ocupação" e terrorista.

"Israel é um Estado de ocupação. Mais, é um Estado terrorista", disse o Presidente turco na sessão da abertura da cimeira da OCI.

Num comunicado final, os líderes muçulmanos reunidos hoje em Istambul decidiram reconhecer Jerusalém leste (oriental) como capital do Estado palestiniano e apelaram ao mundo que adote a mesma medida.

"Declaramos Jerusalém leste como a capital do Estado da Palestina e apelamos a todos os países a reconhecerem o Estado da Palestina e Jerusalém leste como a sua capital ocupada", indicaram os Estados-membros da OCI no documento final.

A maioria dos países árabes muçulmanos já reconhece Jerusalém leste como capital de um Estado há muito desejado pelos palestinianos.

Apesar do tom forte dos Estados-membros da OCI, nenhuma medida concreta foi anunciada por este grupo de países muçulmanos, cujos alguns dos principais membros também são aliados próximos dos Estados Unidos.

O mundo muçulmano é profundamente dividido e vários países, como a Arábia Saudita (sunita), estão a tentar manter boas relações com a administração liderada por Donald Trump devido à hostilidade partilhada em relação ao Irão (xiita).

Trump anunciou na passada quarta-feira (06 de dezembro) que os Estados Unidos reconhecem Jerusalém como capital de Israel e que vão transferir a sua embaixada de Telavive para Jerusalém, contrariando a posição da ONU e dos países europeus, árabes e muçulmanos, assim como a linha diplomática seguida por Washington ao longo de décadas.

Os países com representação diplomática em Israel têm as embaixadas em Telavive, em conformidade com o princípio, consagrado em resoluções das Nações Unidas, de que o estatuto de Jerusalém deve ser definido em negociações entre israelitas e palestinianos.

A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.

Israel ocupa Jerusalém leste desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa.

Os palestinianos querem fazer de Jerusalém leste a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.

Jerusalém é considerada uma cidade santa para cristãos, judeus e muçulmanos.

Desde o anúncio de Trump foram registados confrontos e manifestações na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém, mas também protestos em países como a Tunísia, Jordânia, Turquia, Paquistão, Marrocos, Indonésia e Líbano.

Nos últimos dias, pelo menos quatro palestinianos morreram e várias centenas de pessoas ficaram feridas.

SCA // VM

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