Colheitas de ópio no Afeganistão aumentam 87%

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Porto Canal com Lusa

Cabul, 15 nov (Lusa) -- Os cultivadores de ópio do Afeganistão tiveram este ano colheitas excecionais, com um aumento de produção de 87%, graças a um recorde da área cultivada, segundo um relatório hoje divulgado.

O valor do ópio produzido pelos agricultores atingiu quase 1,4 mil milhões de dólares, um aumento de 55%, de acordo com o estudo anual da Agência das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC), uma quantia que contribui para o financiamento dos movimentos rebeldes que desestabilizam o país.

Uma evolução que se deve essencialmente à crescente insegurança, à falta de controlo pelas autoridades, à corrupção e à falta de perspetivas em termos de emprego e educação, aponta o relatório, elaborado pela agência da ONU e pelo ministério afegão de Luta Contra a Droga.

A produção potencial de ópio foi estimada em cerca de 9.000 toneladas este ano, ou seja, quase o dobro do ano passado (4.800 toneladas).

As superfícies cultivadas aumentaram em 63%, para o nível recorde de 328.000 hectares em 24 províncias, bastante longe do anterior recorde de 224.000 hectares, registado em 2014, e as receitas estão igualmente em alta.

Neste momento, considera-se que apenas 10 províncias do Afeganistão não cultivam ópio.

"Os elevados níveis de cultura da papoila de ópio e o tráfico ilegal de opiáceos vão provavelmente reforçar a instabilidade, promover a insurreição e aumentar os financiamentos de que beneficiam os grupos terroristas no Afeganistão", alerta o relatório.

"Mais heroína de boa qualidade e a baixo preço vai chegar aos mercados mundiais, com a provável consequência de um aumento do consumo e dos danos que lhe estão ligados", sublinha o estudo.

Quase todas as principais províncias produtoras de papoila registaram grandes aumentos das áreas cultivadas, nomeadamente a de Helmand, no sul do país, com mais 79%.

Cerca de 60% da cultura da papoila decorre nas províncias meridionais do Afeganistão, onde os talibãs estão bem implantados e onde quase nenhuma campanha de erradicação foi realizada.

Helmand continua a maior província produtora, com 44% do total, seguida de Kandahar, Badghis, Faryab, Uruzgan e Nangarhar.

A erradicação da papoila regista também ela progressos de 750 hectares nas 14 províncias (em contraste com 355 hectares em sete províncias em 2016), mas continua débil quando comparada com o crescimento das áreas cultivadas.

Os doadores internacionais gastaram milhares de milhões de dólares em campanhas contra a droga no Afeganistão nos últimos dez anos, tentando convencer os agricultores a virar-se para outras culturas, como o açafrão, mas tais esforços deram fracos resultados.

Paralelamente, o número de toxicodependentes está a aumentar muito no país, ao passo que era residual no tempo do regime talibã (1996-2001).

A extensão da cultura da papoila está igualmente relacionada com um menor apoio da comunidade internacional, que se traduz num recuo das oportunidades socioeconómicas nas zonas rurais, segundo o relatório.

Os progressos na agricultura, nomeadamente a utilização de sistemas de irrigação alimentados por painéis solares, de fertilizantes e pesticidas poderão, além disso, ter tornado a produção de ópio rentável mesmo em zonas desérticas, contribuindo para maiores receitas, frisa o texto.

Nas últimas semanas, os talibãs e o grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) multiplicaram os seus ataques às forças da ordem, aos lugares de culto e a uma estação de televisão, numa demonstração de força numa altura em que os Estados Unidos reforçam a sua presença militar no país.

ANC // ANP

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