Incêndios: Recuperação avança mais depressa do que o esperado em Oliveira de Frades e Mira

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Porto Canal com Lusa

Coimbra, 13 nov (Lusa) - Um mês depois de terem sido devastadas pelos incêndios de 15 de outubro, as zonas industriais de Oliveira de Frade (Viseu) e de Mira (Coimbra) caminham para a recuperação, apoiadas pela Administração Central e pelos municípios.

"Está-se a reconstruir mais depressa do que se pensava", reconheceu o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante uma visita realizada esta semana à zona industrial de Mira, onde as chamas provocaram prejuízos de 32 milhões de euros e puseram em risco 340 postos de trabalho.

Mais para o interior do país, em Oliveira de Frades, a recuperação avança também em ritmo acelerado na zona industrial neste concelho, onde 350 postos de trabalho ficaram em risco após a destruição total de 15 empresas, a maior parte ligada ao setor de transformação de madeiras, um prejuízo avaliado em 100 milhões de euros.

As máquinas que removem entulho e as centenas de operários que se afadigam entre os escombros são os sinais mais visíveis de que a reconstrução já começou e avança em bom ritmo. Mas para que a missão de recuperar as zonas industriais e manter os postos de trabalho seja bem-sucedida "é vital o espírito de iniciativa dos empresários, o apoio dos municípios e o enquadramento legal e financeiro criado pela Administração Central", frisa o presidente da Câmara de Mira, Raul Almeida.

Fonte da Associação Empresarial de Lafões, que abrange os concelhos de Oliveira de Frades, São Pedro do Sul e Vouzela, destaca a celeridade com que foram criados programas de emergência de apoio aos empresários, muitos deles responsáveis por micro ou pequenas unidades.

Na página "online" da Associação foi colocado um documento que explica como funciona o sistema de apoios aprovado pelo Governo dirigido às empresas afetadas pelos incêndios de 15 de outubro.

"Temos sido muito solicitados para apoiar as candidaturas", explica a mesma fonte.

O presidente da Câmara de Oliveira de Frades, Paulo Ferreira, não esconde a satisfação por verificar a rapidez com que avançam as obras da recuperação da zona industrial, lembrando que, após os incêndios, os empresários constituíram uma associação que está a liderar os processos de candidatura aos apoios do Estado.

"Estou agradavelmente surpreendido com a celeridade com que o Governo tem disponibilizado apoios para a recuperação das zonas afetadas pelos incêndios", reconhece Paulo Ferreira, eleito como independente num concelho onde arderam casas, empresas e explorações agrícolas em cinco freguesias.

"Fomos o parque industrial com mais empresas lesadas em todo o país", lamenta o autarca, que, embora louvando a atuação do Governo e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, espera que "a nível fiscal exista alguma discriminação positiva" para os concelhos mais atingidos.

Paulo Ferreira e Raul Almeida louvam também o "espírito de iniciativa" dos empresários, destacando a "entreajuda" que se tem verificado entre as empresas, muitas delas a viver momentos muito difíceis devido à inexistência de seguros.

Um bom exemplo desta entreajuda verifica-se em Mira, onde a empresa Móveis Cruzeiro retomou a atividade em instalações novas, arrendadas por "um montante simbólico" pela vizinha Mirapack. Esta ajuda permitiu à empresa de madeira manter 17 postos de trabalho e retomar as vendas, sobretudo para a região de Paris. "Havendo esperança, a gente avança", explica o empresário Fernando Santos, um dos proprietários da Madeiseixo-Indústria e Comércio de Móveis e Carpintaria, que comercializa a marca Móveis Cruzeiro.

Os prejuízos, relata Fernando Santos, foram superiores a um milhão e meio de euros. A empresa de natureza familiar (a propriedade pertence a Fernando Santos e a duas irmãs, tendo sido fundada há 50 anos pelo pai) não tinha seguro, mas já retomou a laboração graças ao apoio dos fornecedores (que não cortaram o fluxo das matérias primas) e dos clientes, que mantiveram as encomendas.

Situações semelhantes existem também em Oliveira de Frades, onde empresas de média dimensão estão a retomar a laboração, graças ao apoio de outros empresários, do município e da entidade regional, reconhece a Associação Empresarial de Lafões.

Pela frente, municípios e empresas têm um longo caminho, reconhecem os autarcas. Mas em ambos os casos os municípios estão a produzir alterações nos respetivos Planos Diretores Municipais. O objetivo, explica Raul Almeida, é licenciar novas unidades e criar planos mais eficazes de prevenção, nomeadamente permitindo o uso de áreas maiores e mais seguras de produção e impondo novas regras de segurança na construção.

Nas suas deslocações pelas zonas ardidas, o Presidente da República tem prometido voltar na primavera, em maio ou abril, para confirmar a recuperação das empresas. Mas esta semana, em Mira, o chefe do Estado avançou que "provavelmente" regressará já no Natal ou Ano Novo, uma vez que muitas empresas têm o processo de recuperação adiantado.

"Só não prometo comparecer às festas de Natal, porque preciso de ver os meus netos", gracejou o Presidente da República, numa nota de esperança e otimismo que foi recebida com sorrisos pelos empresários.

RBF // SSS

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