Mulher que sobreviveu 17 dias nos escombros no Bangladesh tem alta hospitalar

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Porto Canal / Agências

Daca, 06 jun (Lusa) - A costureira que sobreviveu 17 dias sob os escombros do prédio que se desmoronou em abril no Bangladesh teve hoje alta hospitalar e deverá começar em breve a trabalhar num hotel de luxo na capital.

"Sinto-me muito bem agora. Estou restabelecida mentalmente e fisicamente", disse a jovem de 18 anos aos jornalistas.

O seu salvamento inesperado a 10 maio em Savar, quando os socorristas já não contavam encontrar mais sobreviventes, fez dela uma heroína nacional.

"Reshma está completamente restabelecida. O hospital militar deu-lhe hoje alta", disse, por seu lado, o general Chowdhury Hasan Suhrawardy, numa cerimónia para marcar o fim da hospitalização.

Mas, ao fim de quase um mês no hospital, onde começou nos cuidados intensivos, a jovem admitiu que ainda tem pesadelos que a fazem reviver o seu longo calvário.

"Ainda tenho medo à noite", disse à imprensa, vestida com um vestido verde e um lenço na cabeça. "Quando penso naqueles dias, sinto-me mal e tenho medo. Esqueci-me em grande parte do que fiz sob os escombros".

O desmoronamento, a 24 de abril, do edifício Rana Plaza, um imóvel de nove andares que albergava cinco fábricas têxteis que trabalhavam para grandes marcas ocidentais, fez 1.129 mortos e foi o pior acidente industrial na história do Bangladesh.

Reshma, que só utiliza um nome, conseguiu beber água e comer enquanto esteve presa nos escombros, depois de encontrar nas ruínas algumas garrafas de água e sanduíches dos trabalhadores.

O seu salvamento, perante uma multidão emocionada, foi seguido em direto pelos canais de televisão locais.

Originária de uma aldeia no distrito de Dinajpurhad (oeste), Reshma tinha começado a trabalhar no Rana Plaza três semanas antes do acidente por um salário mensal de 4.700 takas (46 euros). Dois dias após o salvamento, afirmou que nunca mais trabalharia na indústria têxtil.

Recebeu depois numerosas ofertas de emprego em hotéis e associações de caridade, mas finalmente decidiu aceitar trabalhar num luxuoso Westin da capital, Daca.

O responsável do Westin Hotel, Azim Shah, mostrou-se orgulhoso por ter encontrado emprego para a jovem no seu hotel. "Temos a certeza de que esta jovem será excecional no seu novo trabalho", disse, durante a cerimónia no hospital.

Mais de 3.000 pessoas trabalhavam no Rana Plaza, construído sem cumprimento das regras e cujos proprietários tinham negligenciado as fissuras detetadas na estrutura na véspera do desmoronamento.

O acidente denunciou as condições laborais das "fábricas da miséria" da indústria têxtil do Bangladesh, onde os acidentes são frequentes.

O Bangladesh é o segundo exportador mundial de têxteis devido aos salários baixos e a uma mão-de-obra abundante. O setor têxtil representava no ano passado 80% das exportações do país.

FPA // MLL

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