Ex-trabalhadores mineiros em vigília contra pagamento de exames médicos
Porto Canal / Agências
Nelas, 20 dez (Lusa) - Os ex-trabalhadores das Minas de Urânio da Urgeiriça estão a preparar, para sábado, uma vigília de protesto contra o pagamento de exames médicos e taxas moderadoras que "vêm sendo cobradas à margem da lei".
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), António Minhoto, explicou que há cerca de três meses começaram a ser cobradas taxas moderadoras e exames médicos, dos quais tinham ficado isentos em 2010.
"Em 2010, foi aprovada por unanimidade uma lei que vinha garantir o acesso gratuito a consultas e exames médicos, por parte dos ex-trabalhadores e seus familiares. De há três meses para cá, começaram a cobrar, à margem da lei e da comissão técnica de acompanhamento do Programa de Intervenção de Saúde", sustentou.
Para denunciarem o que consideram ser "de uma agressividade agreste", os ex-trabalhadores das Minas de Urânio vão levar a cabo uma vigília, a partir das 21:00 de sábado, em frente ao Centro de saúde de Nelas.
"Como o Centro de Saúde de Nelas é a instituição de saúde onde a maior parte dos ex-trabalhadores e seus familiares vão às consultas, decidimos que seria mais apropriado ali desenvolver a nossa ação de repúdio e indignação", acrescentou.
De acordo com António Minhoto, as taxas moderadoras e os exames médicos estão a ser cobrados nos últimos três meses "com base num decreto-lei de 2011".
"Alguns utentes foram taxados no Hospital de Viseu e a verdade é que a uns é cobrada a taxa e a outros não. Não entendemos como se chega a este ponto", lamentou.
Na opinião do presidente da ATMU, esta situação pode estar a acontecer para evitar a afluência dos ex-trabalhadores e familiares aos exames médicos.
"Em 2012, cerca de 600 utentes realizaram exames médicos e estima-se que em 2013 o número seja bem superior. Como o país atravessa dificuldades, decidiram colocar as taxas para evitar que se façam exames", denunciou.
Com a vigília de sábado, espera que "o bom senso seja reposto e que regresse a gratuitidade dos exames médicos e das taxas moderadoras".
Na semana passada, a ATMU anunciou ainda que vai apresentar uma queixa contra o Estado português no Parlamento Europeu, reivindicando o pagamento indemnizações aos familiares dos colegas que morreram com cancro, devido à exposição à radioatividade.
Os antigos trabalhadores da ENU - que esteve sediada na Urgeiriça, no concelho de Nelas - lutam há vários anos para que seja paga indemnização aos familiares dos colegas que morreram com cancro, devido à exposição à radioatividade.
António Minhoto informou que a deslocação a Bruxelas deverá acontecer até ao mês de março.
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