Quarenta milhões de pessoas vítimas de escravatura moderna em 2016

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Porto Canal com Lusa

Nações Unidas, Nova Iorque, 19 set (Lusa) -- Quarenta milhões de pessoas foram vítimas de 'escravatura moderna' no ano passado, e 152 milhões de crianças foram submetidas a trabalho infantil, segundo dados hoje divulgados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A OIT e a fundação Walk Free, em associação com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgaram dois relatórios sobre estes fenómenos relacionados com um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (o objetivo 8.7), no âmbito da 72.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU, cujo debate geral anual hoje se iniciou na sede da organização, em Nova Iorque.

Dos 40 milhões de vítimas de escravatura moderna, 25 milhões foram submetidas a trabalho forçado e 15 milhões a casamentos forçados.

As mulheres e as meninas são desproporcionalmente afetadas por este flagelo, somando 29 milhões do total de pessoas afetadas pela escravatura moderna, ou seja, mais de sete em cada dez pessoas (71%).

Elas constituem 99% das vítimas de trabalho forçado na indústria do sexo e 58% noutros setores, sendo também em 84% vítimas de casamentos forçados, segundo as estimativas da OIT.

Estas formas de escravatura ocorrem em todas as regiões do mundo; contudo, e apesar da falta de dados em algumas áreas, são mais frequentes em África (7,6 em 1000 pessoas), seguida da Ásia e do Pacífico (6,1 em 1000 pessoas) e, por último, na Europa e Ásia Central (3,9 em cada 1000).

Além do trabalho e dos casamentos forçados, a escravatura moderna engloba conceitos como tráfico humano ou exploração para pagamento de dívida, que afeta metade de todas as vítimas de trabalho forçado imposto por atores privados.

Entres os números mais destacados, as agências especializadas da ONU indicaram nos relatórios que uma em cada quatro vítimas de escravatura moderna é uma criança, pelo que o repto de acabar com o trabalho infantil mantém a sua urgência.

Em todo o mundo, há 152 milhões de crianças que trabalham, ou seja, uma em cada dez crianças, e metade delas, cerca de 73 milhões, fazem-no em trabalhos perigosos que põem em risco a sua saúde, segurança e desenvolvimento moral.

Apesar de o trabalho infantil ter diminuído entre 2012 e 2016, fê-lo a um ritmo mais lento que em períodos anteriores: agora, caiu 16 milhões, ao passo que entre 2008 e 2012, a redução foi de 47 milhões, precisa-se nos relatórios.

"Temos de mexer-nos com maior rapidez se queremos cumprir o nosso compromisso de acabar com o trabalho infantil em todas as suas formas até 2025", admitiram as organizações.

Nove em cada dez crianças sujeitas a trabalho infantil pertencem às regiões de África e Ásia-Pacífico, e um progresso em África, onde se concentram 72 milhões das crianças exploradas, representaria uma redução nos números globais.

Os estudos relacionam o trabalho infantil com as situações de conflito e desastres: a incidência do fenómeno em países afetados por um conflito armado é 77% mais elevada que a média global, explicaram.

Um grande número das crianças submetidas a trabalho infantil encontra-se fora do sistema educativo: no grupo entre os cinco e os 14 anos, há 36 milhões de crianças que trabalham e não estão escolarizadas, conclui o documento.

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8.7 pretende erradicar o trabalho forçado, pôr fim à escravatura moderna e ao tráfico de pessoas e garantir a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo o recrutamento de crianças para as transformar em soldados.

Os autores do estudo indicaram que os dados foram obtidos através de entrevistas presenciais a mais de 71.000 pessoas com 15 ou mais anos.

ANC // ANP

Lusa/fim

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