Supremo Tribunal do Iraque ordena suspensão de referendo no Curdistão
Porto Canal com Lusa
Bagdad, 18 set (Lusa) -- O Supremo Tribunal do Iraque ordenou hoje a suspensão do referendo sobre a independência do Curdistão iraquiano, previsto para 25 de setembro, até que a constitucionalidade da consulta seja verificada.
"O Supremo Tribunal emitiu uma ordem de suspensão do processo de organização do referendo previsto para 25 de setembro pela presidência do Curdistão até que sejam verificadas as queixas que recebeu de que essa consulta é inconstitucional", anunciou a mais alta instância judicial do país em comunicado.
Um porta-voz do tribunal, Ayas al-Samouk, precisou à imprensa que o tribunal recebeu várias queixas e decidiu suspender a consulta para poder analisá-las.
Segundo fonte parlamentar, pelo menos três das queixas foram apresentadas por deputados.
O governo autónomo do Curdistão decidiu em junho realizar um referendo consultivo sobre a independência a 25 de setembro, mas o Governo central iraquiano rejeita a possibilidade, considerando que uma tal consulta é inconstitucional.
O governo autónomo curdo alega "não ter alternativa" para proteger os direitos dos curdos.
A votação realiza-se nas três províncias autónomas que constituem o Curdistão iraquiano -- Dahuk, Irbil e Sulaimaniya -- e em zonas que não integram a administração autónoma como Makhmour, Khanaqin, Sinjar e cidade petrolífera de Kirkuk.
Os curdos do Iraque, que representam 15% a 20% de uma população de 37 milhões, têm enfrentado décadas de repressão pelo Governo de Bagdad e só adquiriram uma autonomia após a primeira Guerra do Golfo, em 1991.
Além do Iraque, a Turquia e o Irão, que contam importantes comunidades curdas nos seus territórios, manifestaram oposição à realização do referendo sobre a independência.
A ONU, os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o Reino Unido também pediram a anulação ou adiamento do referendo.
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