Macau/Eleições: Candidato democrata rejeita suspeitas de infidelidade à China
Porto Canal com Lusa
Macau, China, 17 set (Lusa) - O candidato da lista pró-democracia Associação do Novo Progresso de Macau rejeitou hoje as suspeitas de infidelidade à China, pelas quais está a ser investigado e que o podem desqualificar da corrida.
"Acho que não há reais provas contra mim que me possam desqualificar", disse Wong Kin Long, no Instituto Salesiano de Macau, onde votou para a Assembleia Legislativa (AL) de Macau.
Com 20 anos, Wong é o mais jovem candidato às eleições de Macau e ocupa o quarto lugar na lista liderada pelo jovem pró-democracia Sulu Sou.
Segundo o próprio, a queixa contra si, que foi encaminhada para a polícia pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) e ainda está em investigação, terá sido motivada por publicações que fez na rede social Facebook "sobre questões legais e técnicas" de Hong Kong.
"Quero ser muito claro: eu não apoio a independência de Hong Kong. A nossa equipa, New Macau Progressives, apoia o princípio 'Um país, dois sistemas' e a Lei Básica de Macau. Os rumores sobre o meu apoio à independência de Hong Kong não são verdade", frisou.
De qualquer forma, argumentou, "apoiar a independência de Hong Kong não entra em contradição com a Lei Básica de Macau", ainda que essa seja "uma discussão legal".
"Ainda ninguém me contactou e acredito que a minha candidatura não vai ser desqualificada", adiantou.
Momentos antes, o presidente da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), o juiz Tong Hio Fong, confirmou que a queixa foi submetida à polícia que "já está a recolher mais provas". "Se tivermos provas suficientes iremos tratar do caso", disse.
Um aditamento à nova lei eleitoral, aprovado em 2016, obriga os candidatos a assinarem uma declaração de fidelidade a Macau enquanto Região Administrativa Especial da China.
Esta declaração de fidelidade, cuja sinceridade é avaliada pela CAEAL, tem em conta, por exemplo, opiniões manifestadas pelos candidatos no passado, e surgiu na sequência de uma decisão de Pequim em relação a Hong Kong, que resultou no afastamento de dois deputados independentistas, em novembro passado.
Sobre a possibilidade de Sulu Sou ser eleito, Wong considerou que o colega tem "50% hipóteses de ser eleito". "É difícil de dizer porque não há sondagens, tudo o que temos é a reação nas ruas e 'online'. Se essa reação se vai transformar em votos é difícil de dizer", comentou.
Wong desvalorizou o impacto desta investigação para a sua lista, considerando que "algumas pessoas mais velhas" podem acreditar tratar-se de "um rebelde, a tentar provocar o Governo Central" da China, mas os apoiantes da lista "podem ver que isso não é verdade, que é uma campanha de difamação".
A AL de Macau é composta por 33 deputados, dos quais 14 são eleitos diretamente pela população, 12 por via indireta (associações) e sete são nomeados pelo chefe do Executivo.
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