Encontrados no Bangladesh mais sete corpos após naufrágios de barcos de 'rohingya'

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Porto Canal com Lusa

Cox's Bazar, Bangladesh, 13 set (Lusa) -- As autoridades do Bangladesh anunciaram hoje que encontraram mais de sete corpos de refugiados 'rohingya', incluindo de crianças, que morreram em naufrágios, após fugirem da violência na Birmânia.

Desde o final de agosto, quando escalou a violência no estado de Rakhine, no oeste da Birmânia, cerca de 100 pessoas morreram ao tentar atravessar o rio Naf, que separa a Birmânia do Bangladesh, ou através do golfo de Bengala.

"Encontrámos sete corpos hoje, incluindo de crianças, na margem do rio Naf", declarou o comandante da guarda costeira do Bangladesh, S. M. Ariful Islam, à agência de notícias francesa AFP.

Segundo o mesmo responsável, alguns dos corpos procedem do naufrágio de um barco, que transportava 'rohingyas', que teve lugar na noite de terça-feira perto da vila fronteiriça de Shah Porir Dwip, enquanto outros muito provavelmente de acidentes anteriores, ocorridos há três ou quatro dias, atendendo a que os corpos estavam "muito deformados".

De acordo com os dados da polícia, pelo menos 99 'rohingyas' morreram em naufrágios desde 25 de agosto.

"A maioria das vítimas são crianças. Alguns corpos têm marcas de balas", detalhou Humayun Rashid, chefe adjunto da polícia do distrito de Cox's Bazar, junto à Birmânia.

Segundo a ONU, centenas de barcos sobrelotados de 'rohingyas', e até jangadas, alcançaram a costa perto das aldeias de Shamlapur e de Shah Porir Dwip numa semana.

Pelo menos 370 mil 'rohingya' cruzaram a fronteira para o Bangladesh desde 25 de agosto, altura em que a violência escalou após uma ofensiva militar lançada na sequência do ataque, nesse dia, contra três dezenas de postos da polícia efetuado pela rebelião, o Exército de Salvação do Estado Rohingya, que defende os direitos daquela minoria muçulmana.

O Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou na segunda-feira que a forma como a Birmânia está a tratar a minoria muçulmana 'rohingya' aparenta "um exemplo clássico de limpeza étnica".

"A Birmânia tem recusado o acesso dos inspetores [da ONU] especializados em direitos humanos. A avaliação atualizada da situação não pode ser integralmente realizada, mas a situação parece ser um exemplo clássico de limpeza étnica", disse Zeid Ra'ad Al Hussein na abertura da 36.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

Na terça-feira, as autoridades birmanesas rejeitaram a acusação do representante da ONU.

A líder de facto da Birmânia tem sido duramente criticada por defender a atuação do exército em relação aos 'rohingya' por múltiplas personalidades, entre as quais a paquistanesa Malala Yousafzai e o sul-africano Desmond Tutu, também laureados com o Nobel da Paz.

Uma petição, assinada por mais de 350 mil pessoas de todo o mundo, pediu ao Comité Nobel Norueguês que retire o prémio à responsável birmanesa.

Suu Kyi defendeu-se das críticas na semana passada, afirmando haver uma campanha de desinformação sobre a questão e assegurando que vai proteger os direitos de todas as pessoas. "A solidariedade internacional com os 'rohingya' é o resultado de um enorme icebergue de desinformação, que visa criar problemas entre as diferentes comunidades e promover os interesses dos terroristas", disse.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se hoje para discutir a violência na Birmânia, uma reunião urgente reclamada pelo Reino Unido e Suécia em resposta às crescentes preocupações da comunidade internacional.

A Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não reconhece cidadania aos 'rohingya', uma minoria apátrida considerada pelas Nações Unidas como uma das mais perseguidas do planeta.

Mais de um milhão de 'rohingya' vivem em Rakhine, onde sofrem crescente discriminação desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.

Apesar de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho, às escolas, aos hospitais e o recrudescimento do nacionalismo budista nos últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por vezes mortíferos.

DM (SP/PSP/ISG/MDR/FPA) // EJ

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