Linha de crédito para ajudar produtores de batata "não resolve problema de fundo" do setor

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 22 ago (Lusa) -- O presidente da Porbatata - Associação da Batata de Portugal afirmou hoje que o empréstimo do Governo, de três milhões de euros, para apoiar os produtores de batata este ano, não resolve "o problema de fundo".

Em declarações à Lusa, António Gomes, considerou que a linha de crédito a que os produtores de batata podem aceder, a partir de hoje, torna "o acesso ao crédito mais fácil", mas lembra que "não resolve o problema de fundo", que está ligado ao custo de produção e à queda do preço da batata este ano.

E prosseguiu: "A linha de crédito não fará com que o prejuízo seja mitigado. Pode beneficiar um ou outro produtor, ou armazenista, mas no final do ano vão ter de pagar ao banco. Daí que não é por aqui que se vão minimizar os problemas dos produtores de batata".

A associação aceita a medida governamental, mas entende que se está "a empurrar o problema para a frente com a barriga".

"O objetivo é que as pessoas não coloquem toda a sua produção no mercado e que daqui a dois ou três meses o façam, mas não é líquido que venham a vendê-la mais cara", disse à Lusa António Gomes, acrescentando que os produtores "estão cada vez com menos capacidade de produzir".

De acordo com a Porbatata, "o setor [em Portugal] precisava de uma ajuda concreta para minimizar os problemas. Esta é uma medida que aceitamos, mas não vai ao encontro das necessidades do setor".

A produção nacional apenas cobre 60% do consumo, segundo a Porbatata, pelo que o recurso à importação desequilibra a balança comercial portuguesa, "o que não é benéfico para o país", lembrou António Gomes.

Para a associação a situação do setor em Portugal "tem-se vindo a agravar com o embargo de batata à Rússia", havendo atualmente um excedente na Europa e também em Portugal, um fator que condiciona os preços, lamentou.

A linha de crédito, que entrou hoje em vigor, visa resolver situações de dívida à banca e aos fornecedores, numa altura em que a descida do preço de venda no produtor chegou a valores abaixo do custo de produção.

Apoia necessidades de tesouraria e é dirigida aos operadores do setor da batata, "quer nas fases de produção, transformação ou comercialização", quer se disponham a armazenar batata de conservação produzida em território nacional na campanha de 2017, estabelecendo um valor individual garantido de 60 euros por tonelada de batata armazenada, refere o diploma.

Para ter acesso à linha de crédito, o agricultor tem de ter a situação regularizada perante a administração fiscal e a Segurança Social. O empréstimo é concedido pelo prazo máximo de um ano, a contar da data de celebração do contrato, e amortizável em prestações, vencendo a primeira prestação no período mínimo de um mês e máximo de um ano.

Esta linha de crédito, aprovada em 27 de julho pelo Conselho de Ministros, pretende retirar parte da produção de batata do circuito comercial, uma medida que o Ministério da Agricultura, em comunicado hoje divulgado, considera "adequada para restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a procura", tendo em conta que os produtores de batata de conservação "estão confrontados este ano com um forte desequilíbrio de mercado, que impôs uma descida do preço" de venda do produtor para valores abaixo do custo de produção.

JS(VP)// ATR

Lusa/fim

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