Comediante Pedro Tochas estreia no Porto espetáculo sobre "crise de meia-idade"
Porto Canal / Agências
Porto, 05 jun (Lusa) -- O comediante Pedro Tochas vai estrear no Teatro de Campo Alegre, no Porto, um novo espetáculo intitulado "Tempo" que procura refletir sobre a crise de meia-idade, agora que o artista ultrapassou os 40 anos.
"É um novo espetáculo de 'stand up comedy' puro e duro, que tem a ver com a minha passagem pelos 40 anos, aquela famosa crise de meia-idade, mas mais do que a própria crise tem a ver com as mudanças na vida", explicou à Lusa o artista, acabado de chegar de atuações em Macau.
Pedro Tochas, conhecido do grande público por uma série de anúncios a um refrigerante, tem uma larga carreira de comediante e artista de rua, participando em festivais um pouco por todo o mundo. Este ano já esteve na Nova Zelândia, Londres, Canadá, Austrália, Bélgica e até ao final de agosto irá à Suécia, Edimburgo (Escócia), e Filadélfia, nos Estados Unidos.
"Isto tem a ver com a crise dos 40. Quando fiz 40 resolvi inscrever-me em tudo quanto era festival, todos por onde já tinha passado e eles todos convidaram-me para ir. Quando dei por ela, estou a viajar mais do que não sei o quê, todo podre, todo 'jetlegado' há mais de meio ano".
A última paragem foi Macau onde fez pela "primeira vez que fiz 'stand up' fora de Portugal e correu muito bem", explica. Na plateia tinha "a comunidade portuguesa, que é um pouco especial porque tem muita gente que foi nos últimos anos para lá" e o resultado foi que tiveram que "meter mais cadeiras porque já não cabiam todos na sala".
Para chegar ao novo espetáculo Pedro Tochas passou por um processo de conceção prolongado que começa por ter uma data de estreia. "Sem uma data, não consigo escrever um espetáculo", confessa.
Depois, vai reunindo histórias até que, seis meses antes, começa o processo de seleção a que se segue o tentar "dar alguma sequência" aos vários trechos. A terceira fase é de teste de várias das piadas junto do público porque "às vezes há material que se acha que é de génio e depois ninguém acha graça nenhuma", diz a rir-se Pedro Tochas.
A estreia no Porto é-lhe uma coisa natural porque foi no programador João Gesta e no Teatro Campo Alegre um sítio onde o aceitam "como criador" e onde "confiam" e o deixam "explorar os limites" do que pode fazer.
"Já fiz um espetáculo só para dez pessoas de cada vez, já fiz só com as piadas que correram mal ao longo da minha carreira e um outro, que já fiz mais vezes, onde eu só respondia a perguntas do público", explica.
Pedro Tochas confessa que foi difícil entrar no Porto, uma cidade "onde a resistência é um bocadinho maior do que as outras. É uma resistência tipo 'você prove que é bom' e quando tu provas que és é bom, então dizem 'ok, estamos consigo até à morte'".
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