Obra sobre o pensamento do padre Manuel Antunes é apresentada na segunda-feira

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 23 jul (Lusa) - O padre Manuel Antunes "legou-nos um pensamento muito sagaz e avançado sobre Portugal e a Europa, na relação com o mundo em processo de globalização", afirma José Eduardo Franco, na introdução à obra "Portugal, a Europa e a Globalização".

O historiador José Eduardo Franco é o organizador e autor da introdução da obra "A Anatomia do Presente e a Política do Futuro: Portugal, a Europa e a Globalização", do padre Manuel Antunes (1918-1985), que é apresentada na segunda-feira, às 18:00, no Auditório III da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Franco contextualiza os diferentes textos escolhidos de autoria de Manuel Antunes, desde a "avaliação de Salazar", à "urgência de repensar Portugal após a revolução dos cravos", passando pelas questões europeias e mundiais.

A obra, que inclui um prefácio de José Farinha Nunes, presidente da Câmara Municipal da Sertã, de onde era natural o sacerdote, e um pósfácio do diretor da revista Brotéria, António Júlio Trigueiros, é apresentada pelo ensaísta Eduardo Lourenço e pelo administrador da Fundação Gulbenkian Guilherme d'Oliveira Martins, e participam também José Farinha Nunes e o jesuíta António J. Trigueiros.

Sacerdote jesuíta, investigador, professor universitário, Manuel Antunes foi conselheiro do ex-Presidente da República António Ramalho Eanes.

O antigo Chefe de Estado, que condecorou Manuel Antunes com o grau de grande oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, afirma que o sacerdote "entendia que o Estado deveria ser competente e correto, devia privilegiar a justiça, a liberdade e responder à sociedade civil de tal maneira, que toda ela pudesse desenvolver-se e modernizar-se".

Farinha Neves, no prefácio, não tem dúvidas e aponta o jesuíta como "um dos maiores sábios do século XX português", e considera que as suas grandes linhas de pensamento, especialmente "no plano político e da análise prospetiva das derivas culturais e mentais do mundo contemporâneo, ainda mantêm uma flagrante atualidade".

Manuel Antunes "anteviu como poucos um futuro que se anunciava (para muitos improvável) e que hoje já se concretizou ou está a bater-nos à porta", afirma Farinha Nunes.

José Eduardo Franco refere-se a Manuel Antunes como "um intelectual da cidade e do mundo, com um pensamento político e social inovador e um pensador político do futuro".

O historiador salienta a "atualidade" dos textos do jesuíta, que foi um dos fundadores da revista Brotéria, e sua "lucidez", que nas décadas de 1960 e 1970 soube antecipar problemas e desfecho da vida portuguesa e internacional de hoje, e que, prossegue José Eduardo Franco, "bem podem ajudar-nos na urgência de repensar Portugal, a Europa e o nosso mundo neste ano de 2017", que considera José Eduardo Franco "marcado por um horizonte de tremenda incerteza".

José Eduardo Franco, na sua longa introdução, que é um ensaio como abordar a herança do pensamento antuniano, destaca o sacerdote que foi "um mestre conciliador", "um pedagogo da democracia", e debateu "a questão europeia".

Sobre esta temática, escreve Franco, que o jesuíta, apesar de otimista, "tem realismo suficiente para verificar as 'enormes dificuldades, dentro e fora do espaço da Grande Europa', que obstaculizam a operacionalização deste projeto" e chega mesmo "a estabelecer uma tipologia e os perfis dos oponentes ao projeto europeu".

Manuel Antunes, em alguns textos, "faz uma espécie de profissão de fé no regresso do modelo de uma Europa unida".

No seu ensaio, José Eduardo Franco refere ainda "o universalismo antuniano", "a visão e o destino da Rússia", segundo os textos do jesuíta, que completa com a "anatomia piscossociológica e cultural do 'Império Russo'", e como a Rússia pode lidar com o "domínio da Europa".

Franco destaca ainda como, entre finais da década de 1960 e inícios da de 1970, o padre Manuel Antunes anteviu "a inviabilidade, a prazo, do sistema soviético".

Sobre Portugal, realça o historiador o "júbilo" que manifestou nas páginas da Brotéria, pela Revolução de 25 de Abril de 1974, que "abriu as portas à democracia".

NL // MAG

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