Bloco e PS concordam contra o Governo mas discordam na alternativa - João Semedo
Porto Canal / Agências
Lisboa, 05 jun (Lusa) - O coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo afirmou hoje que bloquistas e PS apresentam "ampla concordância" sobre a necessidade de demitir rapidamente o Governo, mas têm divergências sobre a "substância" da alternativa de esquerda.
João Semedo retirou esta conclusão no final de uma reunião com a direção do PS, cuja delegação foi liderada pelo secretário-geral, António José Seguro.
"A reunião com o PS teve momentos de convergência e momentos de discordância. PS e Bloco de Esquerda estão conscientes da urgência de travar a política de austeridade e isso só é possível - e também aí houve uma ampla concordância - demitindo o Governo tão depressa quanto possível e realizando eleições antecipadas que abram uma perspetiva e uma alternativa para Portugal sair da crise", declarou o coordenador do Bloco de Esquerda.
João Semedo referiu depois que, entre Bloco de Esquerda e PS, "há diferenças na forma como encaram a situação e a alternativa de esquerda".
"Há diferenças no que diz respeito à substância política dessa alternativa - pontos como a austeridade, memorando da 'troika' e relação com os credores", salientou o candidato dos bloquistas à presidência da Câmara de Lisboa.
João Semedo disse ainda que há diferenças com o PS no que respeita "aos parceiros e apoios para uma alternativa de Governo".
"Do nosso ponto de vista um Governo de esquerda faz-se com a esquerda e faz-se sem continuidade e sem contacto com as políticas que o Governo de direita tem prosseguido no domínio da austeridade e submissão ao memorando. Um Governo de esquerda é um Governo com gente de esquerda, com partidos de esquerda para fazer uma política de esquerda", acentuou o dirigente bloquista.
Ainda em relação ao teor da reunião com a direção dos socialistas, além de momentos de concordância e de discordância, João Semedo registou que houve da parte do PS "também palavras mais claras e palavras menos claras".
Questionado se o Bloco de Esquerda aceita entrar numa alternativa de esquerda sem a presença do PCP, João Semedo deu a seguinte resposta: "Estamos disponíveis para participar num Governo de esquerda que tenha uma política de esquerda".
"A composição desse Governo é secundária. Discuta-se primeiro a sua política e veja-se depois quem está disponível para integrar esse Governo. Nós estamos inteiramente disponíveis se for um Governo de esquerda", advogou.
Na reunião com o Bloco de Esquerda, além de Seguro, o PS esteve representado pelos dirigentes Miguel Laranjeiro, Álvaro Beleza, António Braga e Maria Antunes.
A direção do Bloco de Esquerda fez-se representar pelos seus coordenadores, João Semedo e Catarina Martins, e pelos dirigentes José Gusmão e Joana Mortágua.
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