O teatro, "Uma ilha flutuante" e o ridículo do mundo burguês de aparências, em Almada

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Porto Canal com Lusa

Almada, 15 jul (Lusa) -- A ridicularização do mundo burguês de aparências é a base da peça "Uma ilha flutuante", encenada por Christoph Marthaler, que, no domingo e na segunda-feira, constitui uma das principais propostas do 13.º dia do Festival de Almada.

Às 19:00 de domingo e às 21:30 de segunda-feira, na sala principal do Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada), o público poderá regressar ao universo de vanguarda que pauta o trabalho do encenador suíço, oboísta e flautista de formação.

Com uma produção conjunta do Theater Basel e do Théâtre Vidy-Lausanne, que já tinham produzido "King size", Christoph Marthaler, o criador que é considerado um "mestre da lentidão, da ironia e do distanciamento", volta ao festival com uma criação coletiva inspirada em "La poudre aux yeaux", do dramaturgo francês Eugène Labiche (1815/1888), depois de ter aberto a edição de 2015 do certame.

A partir desta comédia na qual o escritor francês satirizava, sobretudo, os hábitos da burguesia francesa do século XIX, Christoph Marthaler construiu um espetáculo centrado num universo de senhores, em que não faltam criadas e jovens apaixonados e no qual se cruzam membros de duas famílias que falam línguas diferentes: francês e alemão.

O equilíbrio frágil entre os ingredientes que compõem a sobremesa "île flottante" ("ilha flutuante"), uma das mais conhecidas da gastronomia europeia, confecionada com claras em castelo equilibradas sobre uma base de leite condensado, foi o conceito de que partiu Christoph Marthaler, segundo o programa do Festival.

À tarde, a proposta vai para "Gente comum", texto e encenação da criadora romena Gianina Carbunariu, criadora de uma geração formada após a queda do regime de Ceausescu, que especialistas consideram a 'enfant terrible' do teatro romeno.

A representar às 16:00, de domingo, no palco grande da Escola D. António da Costa, "Gente comum" centra-se em comportamentos de delatores.

Para a criadora romena, e segundo o programa do Festival, este tipo de pessoas são, regra geral, o pequeno funcionário de uma grande organização, ou alguém que, conhecendo uma informação reservada, faz depender a sua segurança e a dos outros da sua revelação.

O que levará alguém a pôr em risco o posto de trabalho e a vida familiar, para denunciar injustiças e corrupção, são questões que a autora levanta no espetáculo, para o qual utilizou depoimentos de trabalhadores ingleses, italianos e romenos (países com diferente legislação sobre a delação).

No Teatro-Estúdio António Assunção, na mesma cidade da margem esquerda do Tejo, às 15:00, de domingo, a proposta vem da Argentina.

Trata-se de "Diário de uma assistente de sala", uma dramaturgia de Mariano Clemente e Victoria Casellas, com encenação de Gonzalo Facundo López, um espetáculo sobre pessoas que decidem fazer o que gostam, sem se preocuparem com o vencimento que obtêm no final do mês.

A peça, que questiona também até onde está o ser humano disposto a ir para realizar os seus sonhos, repete na segunda e terça-feira, às 15:00 e 19:00, respetivamente.

Música Klezmer (género de música judaica, não litúrgica, desenvolvida a partir do século XV pelos judeus asquenazes), com o Tchekov Trio, é a proposta musical para as 20:30, de domingo, na esplanada da Escola D. António da Costa.

Quarenta e quatro produções de teatro, dança e música, das quais 27 espetáculos de sala (13 produções portuguesas, cinco das quais estreias) preenchem o 34.º Festival de Almada, que termina na terça-feira, e contempla iniciativas paralelas como sessões de trabalho, animação de rua, concertos, entre outras.

Organizado pela Companhia de Teatro de Almada (CTA) e dirigido pelo diretor da companhia, Rodrigo Francisco, o certame está orçado em 820.000 euros - 257.000 são investidos pela câmara local, 363.000 resultam de parcerias e de receitas próprias do certame, e 200.000 provêm dos subsídios atribuídos pela Direção-Geral das Artes (metade do financiamento da DGArtes à companhia).

Casa da Cerca/Centro de Arte Contemporânea, Teatro Municipal Joaquim Benite, Teatro-Estúdio António Assunção, Incrível Almadense e Fórum Romeu Correia, em Almada, Teatro Taborda, Teatro Nacional D. Maria II, Centro Cultural de Belém, em Lisboa, são os locais onde decorre o certame, em Almada e em Lisboa.

CP // MAG

Lusa/fim

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