Pippo Delbono regressa ao Festival de Almada ainda a fazer o luto da mãe

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 15 jul (Lusa) -- O encenador italiano Pippo Delbono regressa hoje ao Festival de Almada, três anos depois de ter aberto o certame com "Orquídeas", agora com "Evangelho", criação elaborada sobre um pedido da mãe, no leito de morte.

"Evangelho" é representado às 21:00, na sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM), em Lisboa, repetindo, no domingo, às 16:00, sessão que encerra a temporada 2016/2017 desta sala de espetáculos.

Comovente e íntima é, no mínimo, a explicação da obra pelo ator, encenador, realizador e dramaturgo que, com a companhia homónima, continua a fazer o luto da mãe, já presente em "Orquídeas", um espetáculo sobre as diversas formas de amor.

Em 2012, no leito de morte, a mãe de Pippo Delbono, "uma típica mãe italiana e uma mulher religiosa", pediu-lhe que fizesse um espetáculo sobre religião.

O encenador já a filmara no leito de morte. Algumas dessas imagens, captadas no telemóvel da mãe, foram utilizadas no filme "Sangue", com que obteve uma menção honrosa no DocLisboa em 2013. Sequências desse filme foram também utilizadas em "Orquídeas".

Em "Evangelho", o criador italiano faz agora "uma missa a um tempo laica e lírica, que opõe 'a graça da fé' às violências e aos massacres perpetrados em seu nome", como descreve o programa do Festival.

"Sem desejar falar diretamente do Evangelho, mas antes da vida, do nosso tempo tão complicado de contar, sei ainda que qualquer coisa das Escrituras -- aquela necessidade de amor que a minha mãe evocava -- pulsará forçosamente no espetáculo", afirma Delbono sobre esta obra.

Quinze atores, incluindo Pippo Delbono -- responsável pelo texto e pela encenação -- interpretam esta peça, uma produção do Teatro Nacional Croata, com o Théâtre Vichy-Lausanne, a Maison de la Culture d'Amiens -- Centre de Création et de Prodution de Théâtre de Liège e apoiada pelo Instituto Italiano de Cultura.

Falada em italiano e croata, a peça é legendada em português.

Hoje, a 34.ª edição do Festival de Almada proporciona ainda "A morte do príncipe", uma dramaturgia e encenação de Ricardo Boléo, a partir de textos de Fernando Pessoa, Heiner Müller e William Shakespeare.

Sobe ao palco do Auditório Fernando Lopes-Graça, no Fórum Municipal Romeu Correia (Almada), às 15:00, e está integrada no ciclo dedicado ao "Novíssimo teatro português".

No âmbito das iniciativas paralelas ao Festival - animações de rua, exposições, debates e concertos, entre outras - destaca-se a atuação de Samuel Úria, às 22:00, na esplanada da Escola D. António da Costa.

A decorrer até dia 18, preenchem esta edição do Festival 44 produções de teatro, dança e música, 27 das quais espetáculos de sala. Destes, 13 são produções portuguesas, cinco delas em estreia.

Organizado pela Companhia de Teatro de Almada (CTA) e dirigido pelo diretor da companhia, Rodrigo Francisco, o festival está orçado em 820.000 euros - 257.000 investidos pela câmara local, 363.000 resultantes de parcerias e eceitas próprias do festival, e 200.000 dos subsídios atribuídos pela Direção-Geral das Artes (metade do financiamento da DGArtes à companhia).

Os espetáculos de sala decorrem em sete espaços de Almada (Casa da Cerca/Centro de Arte Contemporânea, Teatro Municipal Joaquim Benite, Teatro-Estúdio António Assunção, Incrível Almadense e Fórum Romeu Correia) e em três espaços de Lisboa (Teatro Taborda, Teatro Nacional D. Maria II e Centro Cultural de Belém).

CP // MAG

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