Incêndios: Rosa voltou a ter casa em Anadia, mas continuam eucaliptos à beira da habitação

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Porto Canal com Lusa

Anadia, Aveiro, 14 jul (Lusa) - Rosa Pinto assistiu hoje à "entrega oficial" da sua casa, construída de raiz, depois de a ter perdido no incêndio em Anadia, em 2016. Mas à volta da nova habitação há eucaliptos que não cumprem a área de proteção.

No caminho para Vila Nova de Monsarros, até à nova casa de Rosa Pinto, de 51 anos, era possível constatar as bermas por limpar e eucaliptos e outras árvores perto da estrada, a menos dos dez metros definidos por lei.

Chegada a comitiva, onde seguia o secretário de Estado da Administração Interna, à casa de Rosa para a bênção e discurso, viam-se, ao seu redor, algumas árvores queimadas e um extenso eucaliptal recente, que circunda a nova habitação da mulher que teve de fugir em 2016 com a sua filha de casa, se não, tinham "morrido as duas", conta.

Durante um ano, Rosa Pinto, o marido e a filha viveram nuns anexos que escaparam às chamas e que sofreram uma reabilitação para ser habitável.

Há cerca de uma semana, instalaram-se na nova casa, construída de raiz com o apoio da Cáritas.

No entanto, ainda hoje não consegue dormir bem.

"Qualquer luar me desperta. Tenho que deixar as persianas com uns buraquinhos, para ver de onde vem a luz", contou à agência Lusa a moradora de Vila Nova de Monsarros, no concelho da Anadia.

Rosa Pinto refere que nenhum dos terrenos com eucaliptos à volta da casa é seu e apenas lança um "ai", quando lhe é perguntado se não tem medo de ver as árvores a menos de 50 metros - a área de proteção definida por lei - da sua nova habitação.

No entanto, "tão depressa" não há outro incêndio naquela zona, sublinhou.

"É uma preocupação que deve ser da formação da minha atividade. De facto, as áreas de segurança não existem", confirmou o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, questionado pela agência Lusa.

Apesar disso, espera que "o presidente da junta trate rapidamente de resolver essa situação", disse.

"Seja em que atividade for, é preciso respeitar o que a lei diz. A lei existe para proteger o cidadão", frisou, considerando que o país está agora mais atento, "para que não se repita aquilo que aconteceu há pouco tempo", no incêndio que começou em Pedrógão Grande.

Após a bênção da casa, Jorge Gomes deixou o desejo de que Rosa e a sua família sejam "muito felizes" na nova habitação e que não voltem "a passar por aquilo que passaram".

Durante a manhã de hoje, o secretário de Estado da Administração Interna, e o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, estiveram presentes na entrega da casa à família de Rosa Pinto, em Anadia, e visitaram uma empresa armazenista que perdeu as suas instalações, em Águeda, também em 2016.

Em Águeda, a empresa J. Dias Ferreira viu as instalações e os materiais lá armazenados serem "reduzidos a cinza", estando agora a laborar num espaço provisório cedido pela Câmara, contou à Lusa um dos responsáveis da firma, Francisco Outeiro.

"Conseguimos manter todos os postos de trabalho", destacou, frisando que tal foi possível com o apoio dos fornecedores, dos clientes, da Cáritas e da Câmara.

Porém, "o Estado central não esteve presente para ajudar. Tive que pagar Segurança Social, pagamentos especiais por conta e IRS, com a mesma regularidade feita até àquela altura", lamentou Francisco Outeiro, que espera voltar em setembro para as antigas instalações, em A-dos-Ferreiros, onde também é possível ver, na nacional 333, uma nova grande mancha de eucaliptal a nascer, à beira da estrada e sem cumprir, em muitas situações, os 10 metros de segurança estipulados por lei.

JYGA // MCL

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