Uma das principais obras de Alberto Carneiro exposta na Culturgest Porto

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Porto Canal com Lusa

Porto, 13 jul (Lusa) - A obra "Um campo depois da colheita", de Alberto Carneiro, uma das mais importantes e das menos vistas do escultor, vai estar exposta na Culturgest Porto, de 23 de julho a 01 de outubro, anunciou a instituição.

"Alberto Carneiro realizou três instalações que foram determinantes para o seu percurso e para toda a arte portuguesa posterior", escreve a Culturgest, no comunicado hoje divulgado, referindo-se a "O Canavial: Memória metamorfose de um corpo ausente", de 1968, "Uma floresta para os teus sonhos", de 1970, e a "Um campo depois da colheita, para deleite estético do nosso corpo", de 1973-1976, que vai agora ser exposta no Porto.

Raramente vistas em público, as três instalações, com a inauguração no Porto, são agora mostradas em simultâneo, em diferentes salas da Culturgest, contando com "O Fotógrafo Acidental" e "Simultânea", patentes em Lisboa, sempre com curadoria de Delfim Sardo.

"As três obras compõem situações telúricas, nas quais a presença do campo, recriado no espaço expositivo pela rigorosa e cuidadosa organização de elementos do ciclo da natureza, produzem para o espetador máquinas de viajar no tempo e no espaço", escreve a Culturgest na apresentação da mostra.

Das três obras, é "Um campo depois da colheita", a última a ser criada, a "muito mais difícil de produzir, porque inteiramente dependente do ciclo da Natureza".

A obra não é vista desde 1991, garante a Culturgest. E, tendo em vista esta apresentação no Porto, foi necessário reservar um campo agrícola, para o semear de centeio, em outubro do ano passado.

"Trata-se de uma oportunidade rara de fruir a envolvência e a poética de 'Um campo depois da colheita para deleite estético do nosso corpo', numa circunstância em que é possível ver, na exposição 'Simultânea', na Culturgest em Lisboa, as outras [duas] instalações de referência do artista", adianta a Culturgest.

As outras duas obras de Alberto Carneiro foram incluídas na exposição coletiva "Simultânea", patente na Culturgest, em Lisboa, que acompanha a mostra "O Fotógrafo Acidental: serialismo e experimentação em Portugal, 1968-1980", sobre o uso crítico e conceptual da fotografia, por artistas portugueses, nas décadas de 1960-70.

A conjugação das duas exposições, em Lisboa, tem o objetivo de "criar um contexto para uma melhor compreensão das transformações culturais portuguesas", naquela época, conjugando obras de Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa, Fernando Calhau, Helena Almeida, Julião Sarmento, Ernesto de Sousa, Jorge Molder, José Barrias e Vítor Pomar, Eduardo Batarda, Álvaro Lapa, Joaquim Rodrigo, João Vieira, Pires Vieira e Noronha da Costa.

É na "Simultânea" que se destacam as duas instalações de Alberto Carneiro, "O Canavial: memória metamorfose de um corpo ausente", da coleção da Culturgest, e "Uma floresta para os teus sonhos", cedida pela Fundação Calouste Gulbenkian, apontadas como exemplo do pioneirismo do escultor, no uso do conceito de arte, ao transportar elementos da natureza para o espaço de exposição.

Considerado um dos maiores artistas portugueses do século XX, Alberto Carneiro morreu no Porto, aos 79 anos, no passado mês de abril, e foi o principal dinamizador dos Simpósios de Escultura de Santo Tirso, que deram origem ao Museu Internacional de Escultura Contemporânea, o único de escultura ao ar livre existente em Portugal.

Nasceu em setembro de 1937, em São Mamede do Coronado, concelho da Trofa, distrito do Porto, local ao qual se manteve ligado durante toda a vida e onde iniciou a aprendizagem como escultor com um santeiro.

No Porto, frequentou a Escola Soares dos Reis e a Escola de Belas Artes, onde se licenciou em 1967 e onde venceu o prémio nacional de escultura em 1968, antes de partir para Londres. Na capital britânica, estudou com Anthony Caro e Philip King. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, de 1975 a 1976, e deu aulas de Escultura nas Belas Artes do Porto.

Entre 1972 e 1985, foi diretor pedagógico e artístico do Círculo de Artes Plásticas da Universidade de Coimbra, tendo, a partir de 1985 e até 1994, dado aulas na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

A Fundação de Serralves, no texto de uma exposição de 2013, incluía Alberto Carneiro entre os que mais "abriram novos caminhos para a prática artística em Portugal", destacando a "singular relação [do seu trabalho] entre a arte e a natureza", ao ponto de toda a sua produção artística se confundir "com a sua própria vida e com as reminiscências do meio onde nasceu e cresceu".

"O Canavial: Memória metamorfose de um corpo ausente" e "Uma floresta para os teus sonhos" ficam patentes até 10 de setembro, em Lisboa, e "Um campo depois da colheita, para deleite estético do nosso corpo", até 01 de outubro, no Porto. Durante a exposição será editado um catálogo sobre as três obras.

MAG (AG/TDI) // LIL

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