Ex-ministro Figueiredo Lopes contra "regresso ao passado" do Serviço Militar Obrigatório
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 10 jul (Lusa) - O ex-ministro da Defesa António Figueiredo Lopes rejeitou hoje o regresso do Serviço Militar Obrigatório (SMO) afirmando que a sociedade evoluiu e defendeu que "há algo a fazer" para captar o interesse dos cidadãos nas Forças Armadas.
"É uma questão que neste momento muito dificilmente se poderá colocar, embora deva ser debatido. Não para um regresso ao passado, a sociedade evoluiu, estamos hoje noutro tempo e noutra circunstância", disse Figueiredo Lopes, atualmente presidente da associação Eurodefense, em entrevista à Agência Lusa.
Segundo o social-democrata, para "envolver os jovens num ideal de segurança e defesa do seu país e dos seus interesses não será necessário incorporá-los nas fileiras", passando por desenvolver mais o conceito de "dia da defesa nacional".
"Há soluções de serviço cívico, há soluções de constituição de reservas de cidadãos que são mobilizáveis facilmente para participarem em missões militares, há outros modelos que têm sido estudados e desenvolvidos", disse.
O que se constata hoje, advertiu, "é que a sociedade tem uma ideia muito ténue das necessidades da Defesa".
Para Figueiredo Lopes, "entre o modelo limite que é o regresso ao SMO e os outros, o que é importante é que haja uma tomada de consciência mais equilibrada para as necessidades e compromissos de cada um para a defesa do seu país".
Face às dificuldades dos ramos no recrutamento, Figueiredo Lopes considerou que é um domínio "em que haverá algumas questões para fazer, nomeadamente na motivação e na criação de algumas compensações".
Por outro lado, considerou, as candidaturas aos contratos "resultarão mais" se os jovens perceberem melhor que, para além de terem um emprego, ainda que temporário, podem "contribuir para uma missão que é fundamental para a segurança e defesa dos seus cidadãos".
Militante do PSD, António Figueiredo Lopes foi deputado à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu, foi secretário de Estado da Defesa de 1991 a 1995, ano em que substituiu Fernando Nogueira na pasta da Defesa. Foi ministro da Administração Interna entre 2002 e 2004.
Professor universitário, Figueiredo Lopes é atualmente presidente da Associação EuroDefense Portugal, que visa a promoção do debate público sobre a política europeia de segurança e defesa.
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