Partido proposto por Rui Tavares agenda assembleia geral para 21 de dezembro
Porto Canal / Agências
Lisboa, 09 dez (Lusa) -- O resultado das assinaturas que o Livre está a recolher para ser um partido político será conhecido até 21 de dezembro, dia para o qual está agendada a assembleia geral constitutiva, adiantou o eurodeputado Rui Tavares.
A recolha de assinaturas "tem corrido bem", mas ainda não há "noção" dos "números totais", dado que ainda está em curso, quer de forma presencial, quer através da internet, explicou Rui Tavares, acrescentando que, formalizado como partido, o Livre deverá realizar o congresso fundador em janeiro.
De acordo com a Lei dos Partidos Políticos, "a inscrição de um partido político tem de ser requerida por, pelo menos, 7500 cidadãos eleitores", junto do Tribunal Constitucional.
A proposta de formar um novo partido foi apresentada a 16 de novembro por Rui Tavares, independente eleito eurodeputado pelo Bloco de Esquerda, formação que abandonou há dois anos, passando a integrando o Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Segundo Rui Tavares, o Livre tem "três objetivos no imediato": libertar o país da dependência e da dívida; escrever um memorando de desenvolvimento; e aprofundar a democracia.
Sendo "natural" que a democracia em Portugal "se tenha tornado muito enquistada nas direções partidárias", são agora necessárias "novas formas de fazer política", como as primárias abertas e a democracia deliberativa, que exigem "abertura" dos partidos, defende.
A propósito do III Congresso da Oposição Democrática, no sábado, em Aveiro, no qual participou como orador, Rui Tavares admitiu que "as oposições de hoje deveriam ser muito mais exigentes consigo mesmas".
O país vive "um momento de catástrofe" para o qual "as oposições acordaram demasiado tarde", assinalou. "Não conseguimos impedir isto, isto não deveria ter acontecido", reconheceu.
"O que é importante é que dos congressos da oposição democrática que fazemos agora surjam medidas concretas, em que, naquilo que é essencial, nos unamos, que não nos prendamos a questões de estilo acerca de quem é que rasga o memorando com mais força ou menos força", sustenta.
"O verdadeiro patriotismo" passa agora por unir a esquerda, defende, alertando que, "se nada for feito", o próximo Governo será uma aliança PSD-PS, "com base na alteração da Constituição".
Este é o "alerta" que o Livre quer transmitir a partidos e movimentos sociais de esquerda, para, a partir do próximo ano, atingir um "entendimento" entre todos, para que não seja "demasiado tarde".
Porém, "para unir a esquerda é preciso libertar a política", avisa, sublinhando que, doutra forma, Portugal vai continuar a ser governado por governos de direita ou de centro.
Questionado sobre a hipótese de um novo partido gerar mais divisões, Rui Tavares responde: "Não podem dizer, por um lado, que há divisões insanáveis à esquerda e que não há nada a fazer juntos e depois dizer que o Livre, que ainda nem sequer é um partido (...), é que é o culpado dessas divisões. As divisões já lá estavam."
Declaração de princípios, nome e símbolo do Livre, que quer ser um "espaço de liberdade no meio da esquerda", foram aprovados a 16 de novembro, na sequência de um encontro que contou com a participação de centena e meia de pessoas, entre as quais José Sá Fernandes, Joana Amaral Dias e Inês de Medeiros.
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