Suinicultores lançam no Cartaxo carne certificada de "qualidade superior"

| Economia
Porto Canal com Lusa

Cartaxo, Santarém, 23 jun (Lusa) -- A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultura apresenta hoje, no Cartaxo, o selo de certificação de carne de porco portuguesa de "qualidade superior", porco.pt, iniciando a campanha "Dê o porco ao manifesto -- Escolha o que é nosso".

A apresentação decorre no final do oitavo Congresso Nacional de Suinicultura, que decorre desde quinta-feira no Centro Cultural do Cartaxo, no distrito de Santarém, e no qual cerca de 400 profissionais do setor - entre produtores, veterinários, farmacêuticos, representantes das indústrias de rações e também responsáveis de entidades oficiais -- debatem questões como estratégias de desenvolvimento e internacionalização, promoção de raças autóctones, melhoria das práticas de produção (nomeadamente sanitárias e de bem-estar animal) e a criação de metodologias de diferenciação da carne de porco pela qualidade.

A Federação Portuguesa de Associações de Suinicultura (FPAS) explica o lançamento da marca porco.pt com o facto de, segundo um estudo que promoveu, 52% da população portuguesa desconhecer a origem da carne que consome.

O selo tem como principal objetivo "diferenciar a carne de porco produzida em Portugal e surge como resposta do setor à crise vivida nos últimos dois anos", afirma a FPAS, sublinhando que o novo produto cumpre um "rigoroso caderno de especificações, homologado pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e que regula todo o processo de produção, abate, transformação, comercialização e promoção de uma carne de qualidade superior", com certificação por uma entidade independente.

O presidente da FPAS, Vítor Menino, lembrou, na abertura do congresso, a crise vivida pelo setor, considerando-a essencialmente a "consequência de uma fileira que se deixou adormecer durante décadas" e de um mercado interno "desequilibrado, onde a atividade foi brutalmente desvalorizada, como se fosse descartável".

Vítor Menino assegurou que a carne porco "continua a ser a mais consumida pelos portugueses e, ao contrário do que dizem profissionais do fundamentalismo e da desinformação, apresenta nos últimos anos uma tendência crescente de consumo".

Segundo dados apresentados pelo secretário de Estado da Agricultura durante o congresso, a produção suína atingiu os 572 milhões de euros em 2016, representando 8% da produção agrícola nacional e registou um crescimento médio anual em volume de quase 2% desde 2012.

Não sendo ainda autossuficiente na produção de carne suíno - em 2015 produziu cerca de 75% da carne consumida no país -, o setor apresenta um "potencial de crescimento assinalável" que pode contribuir para o equilíbrio da balança comercial alimentar nacional, realçou.

Luís Vieira elencou as ações desenvolvidas, no início do mandato deste Governo, para ajudar o setor num momento de crise, que atribuiu a um "forte desequilíbrio entre a oferta e a procura que se traduziu numa forte pressão sobre os preços e margens", num momento de "envolvente externa desfavorável no mercado comunitário", em particular devido ao embargo decretado pela Rússia.

Das medidas adotadas na altura, continuam à disposição dos produtores as duas linhas de crédito garantidas, uma de 10 milhões de euros para suprir dificuldades de tesouraria, e outra, do mesmo montante, para reestruturação de dívidas à banca ou a fornecedores, disse, sublinhando que o setor vive agora um momento de recuperação dos preços e de aposta na diferenciação, nomeadamente nas raças autoctones.

O número de explorações tem vindo a diminuir, com uma maior concentração de efetivos nas de maior dimensão, disse, apontando que das 44.000 explorações do país, 1,6% (710) representam cerca de 90% do total de efetivos.

O setor tem igualmente apresentado projetos a financiamento comunitário, tendo sido já aprovadas 130 candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), que representam um investimento de 65 milhões de euros, com 22 milhões de apoio público.

Luís Vieira desafiou o setor a resolver os problemas ambientais que ainda persistem, lembrando que têm estado disponíveis "apoios generosos no âmbito do FEOGA e do FEADER" e que esta é uma questão "altamente valorizada pelos cidadãos".

Vítor Menino referiu a determinação do setor para "superar as adversidades, potenciar as oportunidades e definir estratégias", dando como exemplo projetos que a FPAS tem desenvolvido ao longo dos últimos anos e que "revolucionarão a suinicultura portuguesa a nível técnico e económico", como a criação de uma "exploração-escola, que servirá de centro de investigação tecnológica e de formação suinícola".

O congresso termina ao final da tarde com "um momento de degustação" da carne certificada com o selo porco.pt na Praça 15 de Dezembro, no Cartaxo, que ficará "pintada de cor-de-rosa".

MLL // CSJ

Lusa/fim

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