Projeções do DEO "não estão documentadas" - Teodora Cardoso

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 05 jun (Lusa) -- A presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Teodora Cardoso, afirmou hoje que as projeções do Documento de Estratégia Orçamental (DEO) "não estão documentadas", alertando que "o problema de projeções otimistas" é a quebra do consenso político.

Teodora Cardoso, que está hoje a apresentar o parecer do CFP sobre o DEO, apresentado pelo Governo em abril e que define as perspetivas económicas até 2016, considerou que "não é possível perceber qual é a lógica" das projeções do executivo, nem quais "os possíveis resultados" das medidas apresentadas.

"Há um capítulo de análise e quantificação de riscos, que é uma melhoria relativamente a situações anteriores, mas depois esses riscos continuam a não estar articulados com as projeções. Não sabemos sequer se esses riscos foram tidos em conta nas projeções", disse.

Para Teodora Cardoso, "as projeções otimistas têm um problema", porque, alertou, "se sistematicamente as medidas são tomadas e os resultados não são atingidos isto provoca o tal cansaço que precisávamos de eliminar".

A presidente do CFP afirmou ainda que "desde o início desta situação que as previsões otimistas foram um problema sério", reiterando que "este documento [o DEO] não tem estratégia".

Teodora Cardoso disse ainda que, "desde o início desta situação que as previsões otimistas foram um problema sério", acrescentando que "este documento não tem estratégia".

A presidente do CFP afirmou que "convém que a redução da despesa seja feita pelo lado da despesa corrente primária".

Sublinhando que o investimento público é "uma forma de garantir o crescimento potencial da economia", Teodora Cardoso afirmou que o ajustamento orçamental "tem de ser mais concentrado no lado da despesa corrente" e que isso tem de ser feito "através de medidas permanentes, porque são estas medidas que permitem aumentos de eficiência" nos serviços públicos.

A presidente do CFP referiu a necessidade de a economia portuguesa apresentar uma taxa de crescimento mais elevada, mas alertou que "essa taxa não pode ser alcançada mediante as atuais políticas".

Evocando a Estratégia de Fomento Industrial, apresentada pelo Governo em abril, Teodora Cardoso disse que este documento "não está articulado com o DEO" e que "as políticas de estímulo à procura numa situação em que a oferta não se adaptou significam um aumento do défice externo sem grande reflexo no verdadeiro crescimento da economia portuguesa".

"Não temos apenas um problema de dívida pública, temos um problema de dívida externa pública e privada. Qualquer tentativa de pôr a economia numa nova trajetória de crescimento exige torná-la competitiva. As políticas de crescimento em Portugal têm de atuar do lado da oferta", defendeu.

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