Plataforma de reutilização de manuais escolares quer atrair 70 mil famílias

| Economia
Porto Canal com Lusa

Redação, 12 jun (Lusa) -- A plataforma 'online' de reutilização de livros escolares Book in Loop, uma 'spin off' da Universidade de Coimbra, prevê permitir no próximo ano letivo uma poupança superior a três milhões de euros a mais de 70 mil famílias portuguesas.

Em declarações à agência Lusa, João Bernardo Parreira -- um dos três jovens portugueses que em 2016 lançaram o projeto, num investimento de 80 mil euros que contou com o apoio financeiro de 'business angels' (investidor individual) nacionais -- apontou como metas para este ano a venda de mais de 100 mil manuais, evitar a emissão de 600 mil toneladas de dióxido de carbono e atingir um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) acima dos 500 mil euros.

Nos planos da empresa, criada com o objetivo de promover a reutilização de livros escolares do 5.º ao 12.º ano, está ainda a ampliação do negócio ao mercado universitário, com o lançamento em 2018 de um produto direcionado para os estudantes daquele nível de ensino, e uma eventual expansão para o mercado internacional.

De acordo com João Bernardo Parreira, a Book in Loop "não é um banco de livros, nem um 'site' de classificados", mas um sistema que visa "garantir conforto na partilha de manuais escolares, assegurar rendimento a quem vende e garantir segurança e qualidade a quem compra os manuais".

"Na Book in Loop todos os manuais escolares passam por um processo de identificação e controlo de qualidade certificado pela Universidade de Aveiro. Este garante que o estado de conservação dos manuais não causa quaisquer prejuízos na aprendizagem dos novos utilizadores e que são os adotados na respetiva escola", salientou.

A campanha de 2017 de compra/venda de manuais escolares da Book in Loop arranca na quinta-feira.

Segundo o responsável, através da plataforma é possível poupar quer comprando, quer vendendo os manuais escolares: "Ao comprar, os manuais usados são vendidos a 40% do preço de novos. Ao vender, recebe até 20% do preço original do livro em função das vendas, já que metade do valor da venda é equitativamente distribuído por todas as famílias que tenham entregado um manual com o mesmo ISBN (código identificativo)", explicou.

Assim, uma família que gaste 215 euros por ano pode poupar 129 euros ao comprar os livros na plataforma, podendo ainda reaver 20% do que gastou nos manuais do ano anterior se decidir entregá-los, num valor na ordem dos 40 euros.

"Isto significa que, ao fazer o 'loop' completo de compra e venda, uma família poderá poupar até 80% nos manuais escolares, neste caso cerca de 170 euros", salientou.

Conforme explicou João Bernardo Parreira, após registo prévio no endereço eletrónico da Book in Loop e indicação dos manuais que se pretende vender, estes podem ser entregues nas lojas Continente, Continente Bom Dia, Modelo ou Note existentes em todo o país, no âmbito de uma parceria feita com a Sonae MC para a campanha de 2017.

A partir desta semana fica ainda disponível uma aplicação para 'smartphone' através da qual é possível usar a câmara do telemóvel para fazer a leitura do código de barras do manual, permitindo a identificação imediata do livro e a tramitação de todo o processo de venda.

Já o processo de compra dos manuais passa por indicar, na plataforma 'online', a escola e o ano do aluno e esta indica os manuais adotados em cada caso, bastando depois selecionar/reservar os livros pretendidos e, assim que os livros estiverem disponíveis, será enviado um 'email' indicando que estão prontos.

A entrega pode depois ser feita numa loja da rede da Sonae MC, num dos 600 pontos de entrega disponíveis ou ao domicílio.

Para que sejam aceites na plataforma, os manuais têm que ser livros adotados em Portugal e cumprir alguns critérios de qualidade, não podendo estar riscados, desenhados, sem capas ou rasgados.

De acordo com os dados avançados à Lusa, no primeiro ano de operação -- 2016 -- o projeto contou com a inscrição de 19 mil famílias, permitiu a recolha de 30 mil manuais escolares e a venda de 10 mil livros, tendo-se traduzido numa poupança de 300 mil euros.

"Percebemos que efetivamente a questão dos manuais escolares era um problema para as famílias (desconfiávamos, mas até irmos ao mercado não tínhamos a certeza) e que este modelo foi validado pelas famílias, por isso levantámos uma ronda de capital de risco [do Fundo Bem Comum, vocacionado para projetos com elevado potencial de crescimento] para conseguirmos expandir e melhorar o nosso produto e passarmos a ser uma solução 'mainstream' na aquisição e venda de manuais escolares em Portugal", afirmou.

No início de 2017, a Book in Loop criou ainda o Programa SPIN com um grupo de 10 municípios pioneiros (Santarém, Guarda, Castelo Branco, Figueira da Foz, Famalicão, Fundão, Gouveia, Mação, Pinhel e Sertã) e uma freguesia da região de Lisboa (Estrela) para os quais foi desenvolvido um sistema dedicado em que cada município corresponde a uma plataforma distinta, mas integrada, para reutilização de manuais escolares.

O objetivo é impactar, no primeiro ano, uma comunidade de mais de 50 mil famílias e gerar eficiências no mercado de manuais escolares nestes concelhos que poderão ascender a mais de 10 milhões de euros.

PD // CSJ

Lusa/fim

+ notícias: Economia

Nova descida na prestação da casa com alterações nas taxas Euribor

A prestação da casa paga ao banco vai, em abril, reduzir-se 12 euros para os contratos indexados à Euribor a seis mas apenas um euro para contratos com Euribor a três meses, segundo a simulação da Deco/Dinheiro&Direitos.

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.

Bruxelas promete trabalhar "intensamente" para conluir 7.ª avaliação

Bruxelas, 06 mai (Lusa) -- A Comissão Europeia está empenhada em trabalhar "intensamente" para terminar a sétima avaliação à aplicação do programa de resgate português antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin da próxima semana, mas não se compromete com uma data.