Perfil: Uma Nação órfã mas com um destino traçado por Madiba

Perfil: Uma Nação órfã mas com um destino traçado por Madiba
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Porto Canal

Se o cliché “pai da Nação” alguma vez se aplicou a um líder político, o sul-africano Nelson Mandela, que morreu hoje em Joanesburgo, aos 95 anos, é o candidato ideal a um paternalismo nacional.

Nelson Mandela desaparece 22 anos após a libertação da prisão do "apartheid" e 13 depois do mandato de Presidente sul-africano, cargo ao qual recusou recandidatar-se, admirado por todos que com ele conviveram, até pelos seus ex-adversários.

Num continente onde a Democracia e os Direitos Humanos são poucas vezes respeitados, Mandela é e será para sempre um dos grandes símbolos da liberdade.

Os princípios pelos quais viveu são a fórmula a partir da qual construiu a sua estatura nacional e internacional. Enquanto prisioneiro, negociador, chefe de Estado e ativista nunca se desviou da sua "persona": humilde no trato, mas firme na defesa dos ideais.

Rolihlahla Dalibhunga Mandela, conhecido no seu país por Madiba, nasceu na aldeia de Mvezo, Qunu, na região sul-africana do Transkei, hoje parte do Cabo Oriental. Era bisneto do rei xhosa Tembu e foi "rebaptizado" Nelson por um professor que achou por bem dar-lhe um nome inglês.

Ativista anti-"apartheid" desde os tempos em que estudou Direito na Universidade de Fort Hare, no sudeste do país, abriu o seu escritório de advogados em Joanesburgo em 1952, em parceria com outro "histórico" do movimento de resistência, também já falecido, e que foi mais tarde presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), Oliver Tambo.

Frustrado pela intransigência do regime do Partido Nacionalista após várias tentativas de negociar uma transformação que conferisse direitos iguais a todos os seus compatriotas, Nelson Mandela acabou por aceitar pegar em armas para combater a injustiça, sendo nomeado comandante da ala militar do ANC, Umkhonto we Sizwe (A Flecha da Nação), em 1961, recebendo treino militar na Argélia e na Etiópia.

Um ano depois foi capturado pela polícia do "apartheid", julgado por traição e condenado a prisão perpétua.

As palavras que proferiu durante o seu julgamento, em Rivónia, a norte de Joanesburgo, definem o seu caráter: "Durante toda a minha vida dediquei-me a esta luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática", declarou em tribunal antes de ser condenado em 1964.

Vinte e sete anos de cárcere foi o preço que pagou por não aceitar "meios-acordos", tantas vezes propostos pelo regime de P.W.Botha, e que não conferiam liberdade total e o poder do voto ao seu povo.

Quando em 11 de fevereiro de 1990 o "reformador" Frederik Willem de Klerk, com quem partilhou o Prémio Nobel da Paz três anos mais tarde, ordenou a sua libertação, Nelson Mandela não se deixou ofuscar pelos tributos do mundo, perseguindo de forma obstinada o objetivo da sua juventude.

A Constituição sul-africana, aprovada por altura das primeiras eleições gerais multirraciais de 1994, que Mandela venceu, é considerada um dos mais ricos, abrangentes e sólidos textos fundamentais do mundo moderno.

O seu (único) mandato como Presidente foi também ele um exemplo para o mundo. Mandela não se agarrou ao poder, ao invés, afastou-se, ao fim de 5 anos, abrindo caminho à nomeação de um sucessor, Thabo Mbeki, que considerava o mais apto a prosseguir a tarefa no seu partido de sempre, o Congresso Nacional Africano.

No seu 80.º aniversário, Mandela casou-se pela terceira vez, com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo Presidente moçambicano e aliado do ANC.

Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e dos direitos humanos, como o apoio à campanha de recolha de fundos contra a sida, chamada '46664' - número que evoca a sua ficha prisional.

Com o envelhecimento e o gradual afastamento da vida pública, a ausência serviu também para adaptar as instituições, o povo e os dirigentes a resistirem aos choques, aos desgostos e às crises.

Um outro Nobel da Paz sul-africano, o arcebispo Desmond Tutu, disse, por ocasião dos 90 anos de Mandela: "Sentimos a falta de um líder inspirador que é um gigante moral e sentimo-nos um pouco desorientados. É impossível imitá-lo".

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